28/03/2016 12:11
Juros futuros recuam. Dólar caindo 1% e volta abaixo de R$ 3,65. Ibovespa sobe junto com chances de impeachment com expectativa de desembarque do PMDB.
As taxas de juros futuros operam em queda nesta segunda-feira (27) com o mercado antecipando a saída do PMDB da base governista em reunião do diretório nacional prevista para terça-feira (29).
“O resultado do diretório do PMDB será o próximo ponto-chave para o mercado, e pode dar mais um fôlego para a bolsa”, avalia o chefe de investimentos da gestora de recursos AZ Quest Investimentos, Alexandre Silvério.
Ao que tudo indica o partido deve romper com o governo, comenta o gestor, mas tudo também vai depender de como será essa saída. “Isso pode adicionar votos do partido na votação em plenário pela admissibilidade do processo de impeachment”, diz Silvério.
O mercado aposta forte em um impeachment e já começa a avaliar as estratégias de política monetária que seriam adotadas em um eventual governo Temer. “Há a leitura de que uma nova diretoria do Banco Central tenderia a ser mais ortodoxa do que a atual”, afirma Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe do Indosuez Wealth Management.
De acordo com Caramaschi, o mercado avalia que uma nova equipe se aproveitaria melhor da contração da economia para ancorar as expectativas de inflação mais próximas do centro da meta e resistiria a cortar a Selic no curto prazo.
Diante dessas perspectivas, as taxas com vencimento no curto prazo recuam e o decréscimo nos contratos de longo prazo é decorrente da percepção de que a adoção de uma postura mais dura do Banco Central deve contribuir para a melhora do cenário fiscal.
Neste contexto, a taxa de juros negociada na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) com vencimento em janeiro de 2017 tinha queda de 13,82%, no fechamento do último pregão, para 13,75%. O contrato do juro para janeiro de 2018 recuava de 13,60% para 13,44% e a taxa para janeiro de 2019 caía de 13,87% para 13,64%.
Dólar
O dólar recuava cerca de 1% e voltava abaixo de R$ 3,65 nesta segunda-feira, com investidores apostando que a provável saída do PMDB da base do governo aumentaria as chances de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
O movimento vinha após nova mudança na rotina de intervenções do Banco Central no câmbio, que não anunciou nenhum leilão para este pregão. Às 10:16, o dólar recuava 1,10%, a R$ 3,6379 na venda, após marcar a primeira alta semanal após quatro semanas consecutivas de queda.
“É a reta final. O mercado enxerga a saída do PMDB como o começo do fim do governo Dilma”, disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
A provável saída do PMDB enfraqueceria as linhas de defesas do governo contra o impeachment no Congresso. Muitos operadores enxergam que a saída de Dilma do Palácio do Planalto é um passo para a recuperação da economia brasileira mas outros, porém, ressaltam que as turbulências políticas tendem a dificultar o ajuste econômico.
O recuo recente da moeda norte-americana, que também foi motivado pelo ambiente externo mais favorável, levou o BC a rever sua política de atuação no câmbio. No mês, até o pregão passado, o dólar acumulava queda de 8,05% sobre o real.
Alguns operadores especulam que o BC teria como meta evitar que o dólar recue abaixo de R$ 3,60 no curto prazo, com medo de prejudicar as exportações em um momento de profunda recessão econômica. Por outro lado, cotações altas da moeda norte-americana tendem a pressionar as expectativas de inflação deste ano, que vêm recuando recentemente.
Ibovespa
Além da agitação em torno do desembarque do PMDB do governo, o otimismo visto nos índices futuros norte-americanos e o leve ganhos dos preços das commodities no exterior contribuem para o apetite ao risco dos investidores.
Por volta das 10h08, o Ibovespa subia 2,29%, a 50.797 pontos. Entre as ações, a Petrobras(PETR4) e a Vale (VALE5) ganham 4,86% e 3,60%, respectivamente.
Da Redação com informações de Marcelo Ribeiro, Weruska Goeking e Bruno Federowski (Reuters)