Opinião – Degringolou

06/05/2016 03:22

”A presidente Dilma fracassou no seu projeto de trocar de ditadura. No presente, depois de trocar as armas pelo discurso democrático, também fracassou.”

No passado, a presidente Dilma fracassou no seu projeto de trocar de ditadura; no presente, depois de trocar as armas pelo discurso democrático, também fracassou.

Dilma, irascível nos relacionamentos profissionais e intolerantes na prática política, cavou o seu próprio destino; foi abandonada pelos áulicos  e por seu mentor. Agora, à beira do precipício, tornou-se personagem hilária e desconcertante com as falas desconexas que vão saindo da sua tumultuada boca aos borbotões.

A platéia, de modo geral ignorante, aplaude o que não entendem e só estão ali para receber três moedas e pão com mortadela. Quando as imagens são divulgadas pela mídia, o descontentamento é geral. Nos telejornais, apresentadores gozam a presidente como se ela fosse idiota ou entupida de medicamentos para suportar a decadência do seu governo.

Nas cartas dos leitores, o controle necessário e respeitoso, os textos são amenizados pelos redatores; mas, nas redes sociais, a voz do povo soa alto, e Dilma é arrasada nos comentários e vídeos realizados em montagens de excelente qualidade dos quais até Charles Chaplin riria da personagem com seus atabalhoados discursos.

Quando Brizola a acolheu no PDT, a jovem empresária falida descortinou o caminho para, mais uma vez, tentar mudar o país. Esqueceu-se  que Brizola também fracassou no mesmo propósito e decidiu buscar mandato através do voto. Eleito, tal qual Dilma, não deixou boas lembranças aos cariocas  que, até hoje,  sofrem as consequências da administração populista do líder revolucionário.

Órfã de Brizola, a presidente cometeu o erro de se entregar de corpo e alma à liderança de Lula e se filiar ao PT. Esqueceu-se da frase proferida por Brizola ao se referir a Luiz Inácio Lula da Silva: “Para se dar bem, Lula seria capaz de pisar no pescoço da própria mãe”, se tivesse atentado para a fala do líder trabalhista, com certeza não estaria passando pelo dissabor de estar com pé de Lula no seu pescoço,  exigindo-lhe  a sua renúncia para tentar minimizar as acusações que pesam contra ele e que, no final, também atingirão a própria presidente.

As mentiras e explicações sobre os fatos que minaram o seu governo foram desmascaradas nas inúmeras ações da “Operação Lava-Jato” e confirmam as palavras do senador Aécio Neves que, na campanha presidencial, já insistia que as respostas da presidente seriam desmentidas pelas verdadeiras contas governamentais.

O relator do processo de impeachment, senador Antonio Anastasia, em seu parecer, desconstruiu as teses da defesa, algumas inusitadas, e votou pela admissibilidade da denúncia sem perder, em nenhum momento, a conduta irrepreensível esperada de senadores da República, afirmando: “Em face do exposto, a denúncia apresenta os requisitos formais exigidos pela legislação de vigência, especialmente pela Constituição Federal, para o seu recebimento. O voto é pela admissibilidade da denúncia, com a consequente instauração do processo de impeachment, a abertura de prazo para a denunciada responder à acusação e o início da fase instrutória, em atendimento ao disposto no art. 49 da Lei no 1.079, de 1950.”

O procurador-geral da Republica, antes da apresentação do parecer do senador Anastasia, pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal para investigar Dilma e Lula. O ministro Teori Zavaski, abarrotado de procedimentos da “Lava-Jato”, assim que Dilma renunciar ou for afastada da presidência, deverá decidir o que fazer com tantos políticos que ficarão sem foro privilegiado, submetendo-os ao juiz Sérgio Moro que aguarda a hora de mandá-los para temporada preventiva em Curitiba. Quem sabe se Lula e Dilma, então ex-presidentes, não trocarão idéias com seus ex-comandados, agora em igualdade de posições.

Em seu provável último evento importante, a presidente ficou ao fundo na rampa do Palácio do Planalto, encoberta pela tocha olímpica simbolizando o início dos jogos e o final da grande jogada.

 

paulo castelo branco

 

Por Paulo Roberto Castelo Branco