01/06/2016 09:53
Ainda que falha, antes tarde do que nunca. Por unanimidade, Senado aprovou nesta terça-feira, 31, penas mais duras para condenados por estupro coletivo.
O Senado aprovou na noite desta terça-feira (31), por unanimidade, o endurecimento da pena para condenados por estupro coletivo, previsto no projeto de lei 618/2015, da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
O texto que havia sido apresentado no ano passado, mas que ganhou destaque após a repercussão do estupro de uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro, deveria propor o endurecimento para todo e qualquer caso que envolva estupro, seja contra homens e mulheres, crianças e adultos e individual e coletivo e não apenas em caso do crime coletivo.
O texto deveria também ter passado pela Comissão de Constituição de Justiça da Casa, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), propôs que a medida fosse votada diretamente pelo plenário – não houve oposição à medida.
O Código Penal, em seu artigo 213, estabelece atualmente pena de prisão de 6 a 10 anos para o crime de estupro de homens e mulheres. A partir de agora, se o estupro for coletivo, a pena será aumentada em um quarto, o que eleva a punição máxima para 12 anos e meio de prisão.
Além disso, o artigo 213 também registra penas que variam de 8 a 12 anos caso a vítima tenha de 14 a 18 anos de idade; e de 8 a 15 anos se a vítima for vulnerável (tiver menos de 14 anos de idade) ou deficiente. No caso de estupro seguido de morte, as penas ficam entre 12 e 30 anos de detenção.
O projeto aprovado contém punição também a quem divulga e dissemina imagens de estupros. Estipula a pena de 2 a 5 anos de prisão para quem “trocar, oferecer, transmitir, divulgar, distribuir, disponibilizar e publicar, por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, por vídeo ou outro registra que contenha cena de estupro.
A proposição de Vanessa Grazziotin estende o aumento para um terço da pena, ampliando o tempo máximo de prisão para pouco mais de 13 anos. A matéria segue agora para análise na Câmara dos Deputados.
Entenda o caso
O estupro coletivo no Rio chocou o país e teve grande repercussão após a divulgação nas redes sociais de imagens da vítima nua e desacordada. Na gravação, um grupo de rapazes, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por “mais de 30”. Desde 2009, a lei considera como estupro tanto a conjunção carnal como atos libidinosos.
Na sexta-feira (27), a Polícia Civil realizou a primeira operação para cercar a casa onde teria ocorrido o crime. Foi feita perícia no local. Roupas e material usado para embalar drogas também foram apreendidos. Desde então, sete suspeitos tiveram a prisão decretada, mas apenas dois foram detidos.
Ainda na sexta, Lucas Santos, que teria um relacionamento com a adolescente, depôs na Cidade da Polícia, na zona norte do Rio e foi liberado em seguida. Ele entrou no local ao lado de outro homem, Raí de Souza, que, diante da imprensa,acenou, sorriu e disse estar “mais famoso que a Dilma [Rousseff, presidente afastada]”.
De acordo com o Disque-Denúncia, nos últimos cinco dias, a central telefônica recebeu 22 denúncias sobre a localização dos suspeitos de participar do estupro coletivo. Todas as informações foram repassadas para a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima.
Da Redação com informações do UOL