02/07/2016 17:13
Veja a opinião do economista Luiz Fernando sobre a sequência de quedas da moeda norte-americana que acumulou perdas de 11% no mês, a maior desde abril de 2003
A queda de 11% do dólar em junho surpreendeu a quem esperava uma grande aversão ao risco após o anúncio da possível saída do Reino Unido da União Europeia. É o maior recuo mensal desde abril de 2003. O valor do fechamento de hoje, em R$ 3,21, não é visto desde 21 de julho do ano passado. Mas por que a moeda tem caído tanto?
Para Luiz Fernando, economista da GO Associados, boa parte disso tem mesmo a ver com a questão externa. Os investidores acham que o impacto provocado pelo Brexit, que resultará em um menor crescimento global, irá fazer com que os principais Bancos Centrais globais deixem o juro em um patamar baixo por mais tempo do que era esperado anteriormente.
“Ou o mercado entra num período de total aversão ao risco, ou de crescimento moderado com mais estímulos. Aparentemente estamos nesse segundo”, explica Fernando a O Financista. Segundo ele, no curto prazo a tendência é de apreciação. “É difícil cair abaixo de R$ 3, mas pode chegar nesse nível em um cenário de otimismo”, indica.
Impeachment
Para o economista, apesar de o governo do presidente interino Michel Temer ainda não ter conseguido avançar muito com a agenda fiscal, o mercado tem dado uma trégua enquanto espera a aprovação final do afastamento de Dilma Rousseff, o que pode acontecer em torno do dia 20 de agosto.
“Até agora ainda não foi feito muita coisa e estamos mais nas promessas. Algumas medidas até estão indo no sentido contrário. A expectativa é de que, após o impeachment, se abra o caminho para algumas novas medidas. O otimismo está esperando o impeachment”, ressalta o economista da GO Associados.
Por Gustavo Kahil, jornalista e especialista no mercado