Opinião – A derrocada do PT nas urnas

02/11/2016 16:56

”…sociedade brasileira se manifestou em alto e bom som, de forma inequívoca e indubitável, desejando virar essa página infeliz e construir um futuro melhor.”

Assim como já havia ficado claro no 1º turno das eleições municipais, os resultados da votação do último domingo sacramentaram uma fragorosa e acachapante derrota do PT, dos governos de Lula e Dilma Rousseff e do projeto político que comandou o Brasil nos últimos 13 anos e o levou à maior crise econômica de nossa história. De uma só vez, os brasileiros sepultaram a narrativa alimentada pelos lulopetistas de que a ex-presidente teria sido afastada do Palácio do Planalto por meio de um “golpe” e, fundamentalmente, deram às forças políticas que apoiaram o impeachment uma vitória inconteste nas urnas.

Os partidos que compõem a base de sustentação do governo de Michel Temer administrarão cerca de 90% da população brasileira a partir de 2017, uma marca significativa e emblemática. Enquanto o PMDB continuará governando o maior número de municípios, caberá ao PSDB a missão de comandar o maior contingente de eleitores em todo o país. O partido elegeu 29 prefeitos nas 93 cidades mais importantes do Brasil (o chamado G93, grupo formado pelas 26 capitais e os 67 municípios com mais de 200 mil eleitores).

Por outro lado, o PT foi praticamente dizimado nesse mesmo grupo. Se há oito anos, em 2008, o partido de Lula e Dilma alcançou a marca de 25 prefeitos eleitos no G93, agora conquistou a vitória apenas em Rio Branco, capital do Acre, sendo expelido dos grandes centros urbanos e empurrado aos grotões do país. No Estado de São Paulo, a derrocada petista é avassaladora: de 70 para oito prefeituras entre 2012 e 2016. No outrora conhecido como “cinturão vermelho”, conjunto de cidades da região metropolitana, o PT também foi amplamente derrotado e irá experimentar uma queda de nove para apenas uma das 39 prefeituras da região. Em todo o Brasil, a redução no número de prefeitos eleitos pela legenda foi de mais de 60% (de 644, em 2012, para 261, em 2016). Como se não bastasse tamanho revés, o partido foi derrotado em rigorosamente todas as disputas que travou no 2º turno.

Enquanto o PT definha, o PPS e as demais forças políticas que compunham a antiga oposição e votaram unidas pelo impeachment experimentam um avanço importante nas urnas. Além do PSDB, certamente o grande vitorioso do pleito, houve um crescimento de legendas como o PSB e o PV, representantes da esquerda democrática brasileira. No caso do PPS, foram 122 prefeitos e 1.669 vereadores eleitos em todo o país. Das sete cidades em que o partido disputou o 2º turno, venceu em cinco: Vitória, a capital do Espírito Santo, com o prefeito reeleito Luciano Rezende; Cariacica (ES), com a reeleição de Juninho; Montes Claros (MG), com Humberto Souto; Ponta Grossa (PR), com Marcelo Rangel, também reeleito; e São Gonçalo (RJ), com José Luiz Nanci. Em Niterói (RJ), o PPS elegeu o vice-prefeito, Comte Bittencourt, na chapa vitoriosa encabeçada por Rodrigo Neves, do PV.

Ainda no grupo das cidades com mais de 200 mil eleitores, o partido também já havia vencido em Campos dos Goytacazes (RJ), já no 1º turno, com Rafael Diniz. Segundo levantamento feito pelo jornalista Fernando Rodrigues, o PPS alcançou a marca de seis prefeitos eleitos no G93 (um no 1º turno e outros cinco no 2º), dobrando o índice obtido em 2012 (três). Essa consolidação nacional certamente se deve ao protagonismo do partido como firme opositor aos governos lulopetistas, além de sua participação determinante e combativa durante todo o processo de impeachment.

As eleições municipais de 2016 são mais um capítulo deste período histórico vivido pelo país. É evidente que os acontecimentos políticos estão encadeados e há uma continuidade, o que não significa dizer que a realidade atual condicionará o futuro processo eleitoral ou terá consequências diretas sobre ele. Haverá alguma influência, mas é certo que o país irá experimentar um outro momento em 2018. O fundamental é que, assim como já havia ocorrido no afastamento de Dilma e no encerramento democrático e constitucional do governo do PT, a parcela majoritária da sociedade brasileira se manifestou em alto e bom som, de forma inequívoca e indubitável, desejando virar essa página infeliz e construir um futuro melhor.

 

roberto freire
Por Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Tags: