17/11/2016 16:05
”Donald Trump mentiu antes, como candidato, ou agora, como presidente eleito? Qual dos dois, enfim, se mostrará a seu bravo povo e ao conflituoso mundo de hoje?”
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald John Trump, de 70 anos, o mais velho dos 44 presidentes que tomaram posse até hoje (ele será o 45º), obteve 290 votos no Colégio Eleitoral. Hillary Clinton obteve 228, mas conquistou mais votos entre os eleitores. Assim, leitor, pela quinta vez (a mais recente tinha sido a de Al Gore), o sistema eleitoral norte-americano nos deixa intrigados: a apuração ainda não terminou, mas 61,964 milhões de votos foram para a democrata e 60,961 milhões para o republicano.
A inesperada eleição de Trump, tido como a maior zebra de todos os tempos, me proporcionou de novo a certeza de que o regime democrático é o melhor, mas nunca será perfeito. Nem na maior democracia do mundo, cujo sistema eleitoral está longe de ser o ideal.
Não desejo, todavia, em meus devaneios ou delírios, passar de meus sapatos. Conheço bem minhas limitações. Quero dizer, apenas, que o regime democrático, sob pena de se desmoralizar, não poderá mais aceitar campanhas infames e desligadas de seu verdadeiro objetivo, como as que presenciamos no Brasil e, pior, no país vizinho, que consideramos mais respeitoso e civilizado do que o nosso. Isso sem falar num sem-número de coisas que o regime jamais poderia aceitar. E digo algo mais: a imprensa (a tradicional) precisa passar, no mundo, por rigorosa reciclagem, tonta que ainda se encontra com as novas mídias.
Enoja-me, leitor, a mentira ou, para ser mais brando, a desfaçatez de se vestir de (falso) personagem capaz, tão somente, de influenciar o eleitor para ganhar a eleição. Será o eleitor, tanto aqui quanto lá, completamente incapaz de raciocinar de maneira inteligente e independente, além de conectada com a realidade de seu dia a dia?
Depois dos chumbos de grosso calibre trocados entre os dois candidatos, verdadeira aula de incríveis maus exemplos, Hillary – que não quis enxergar antes que o momento era o de passar o bastão para outro companheiro democrata, mas indiscutivelmente mais bem-preparada do que seu concorrente –, ressentiu-se profundamente do golpe da derrota. “Ela doeu e ainda vai doer por muito tempo”, declarou em sua primeira fala. E agora? Será que o arrogante Donald Trump, inscrito duas vezes no Partido Democrata e duas vezes no Partido Republicano, um bilionário pelo menos aparentemente desmiolado, acusado de sonegar impostos e de ser xenófobo, sexista e racista, botará em prática o que prometeu?
O regime democrático continua sendo o melhor, sem dúvida, embora não seja (nem jamais será) perfeito, posto que seja humano. E é por isso que a grave crise por que passa, nos países que o adotaram, atingiu, finalmente, a “grande democracia”. Enoja-me, repito, a mentira como fator determinante para o sucesso eleitoral. Ou será que o republicano é de fato o que a campanha mostrou que é? Mas, e seu discurso claramente conciliador, após a vitória? Donald Trump mentiu antes, como candidato, ou agora, como presidente eleito? Qual dos dois, enfim, se mostrará a seu bravo povo e ao conflituoso mundo de hoje?
O presidente eleito dos EUA, durante a campanha, disse que deportaria 11 milhões de imigrantes, mas, agora, em entrevista ao programa “60 Minutes”, informou que pretende deportar entre 2 milhões e 3 milhões. Já sobre o muro na fronteira com o México, admitiu que, em seu lugar, poderiam ser erguidas, em certas áreas, apenas algumas “cercas”.
Qual será o futuro do mundo com Donald John Trump?
Jogue suas fichas, leitor. Estão abertas as apostas.
Por Acílio Lara Resende