11/03/2017 21:47
”Tudo lembra o criminoso inglês, referido por Theodore Dalrymple, que disse: “Doutor, se eu não tivesse matado aquele sujeito, não sei do que seria capaz!”.”
Arranjam-se explicações diversas para justificar a prática de atos antissociais, sempre com o objetivo de desculpar o autor da ação. Começa no Paraíso, quando o homem e a mulher são tentados pela serpente e acabam sendo castigados com a mortalidade e a obrigação de ganhar a vida com o suor do próprio rosto, embora tenha gente que ainda teime em viver do esforço alheio. A mulher leva uma surra do companheiro e diz ao delegado que foi a bebida. “Quando está sem beber é um santo, doutor”, ameniza.
As mães costumam atribuir as ações ilícitas dos filhos às más companhias, que são os filhos das outras. Estudiosos modernos dizem que as mulheres violentadas – não só as espancadas, mas as estupradas também – são vítimas da cultura do machismo. No rol de vítimas do machismo incluem as crianças de zero a 11 anos estupradas por tarados e psicopatas da própria família.
Os criminólogos marxistas dizem que os criminosos são vítimas da sociedade opressora, que os exclui e assim os força à delinquência, como se o criminoso comum tivesse deixado de existir nos regimes socialistas conhecidos.
Assim, numa sociedade em que algo abstrato é culpado, todos são inocentes. Os próprios criminosos culpam algo pela ação ilícita. Geralmente, quando confessam, dizem que perderam a cabeça, mesmo tendo arrancado a cabeça do outro. Há quem diga que o crime foi uma loucura momentânea, aconteceu do nada, a arma disparou, a faca entrou, o Diabo atentou e Deus não quis se meter – devia ser o dia do morto. O livre arbítrio é negado a todo instante.
Tudo lembra o criminoso inglês, referido por Theodore Dalrymple, que disse: “Doutor, se eu não tivesse matado aquele sujeito, não sei do que seria capaz!”.
Por Miguel Lucena é delegado da PCDF e jornalista.