24/04/2018 13:32
”…é preciso concentrar esforços na educação financeira do usuário e do investidor potencial, e na informação aos formadores de opinião e ao poder público”
Será que os aplicativos de transporte público melhoraram ou pioraram os serviços para a sociedade? E os aplicativos de compartilhamento de imóveis, empregos e cuidados pessoais, estão oferecendo novas oportunidades às pessoas ou restringindo as suas opções? Pelo número de downloads e interações, a resposta é clara: a tecnologia veio para facilitar e melhorar as nossas vidas. É um caminho sem volta.
Nesse novo mundo digital e interativo em que vivemos, a desinformação é uma péssima inimiga. Ela inverte os valores e prejudica a liberdade de escolha de milhões de pessoas. Informar e alcançar credibilidade são essenciais para quebrar preconceitos, especialmente quando falamos de um assunto bastante atual: bitcoin e outras criptomoedas.
O mercado de criptomoedas cresceu cerca de 1.000% nos últimos dois anos, acompanhando a valorização do bitcoin. Para 2018, as expectativas são de um volume de negócios entre R$ 18 e R$ 45 bilhões. Neste contexto, novos desafios se impõem para consolidar a revolução que o bitcoin nos proporciona como meio de pagamento, geração de novos negócios, poupança e patrimônio, além da inovação.
É premente corrigir mitos de que o mercado passa por uma bolha ou de que tudo se trata de um esquema de pirâmide.
As criptomoedas, na verdade, representam valores de uma nova economia e oferecem vantagens aos usuários e investidores ao democratizar o mundo das finanças. Esse avanço rumo ao capitalismo do futuro, menos concentrado e fiscalizado por todos, pode ser comprovado pelo número atual de investidores em criptomoedas que já supera o total de investidores da bolsa de valores.
Outro aspecto dessa revolução está na drástica redução dos custos e no aumento da agilidade e da segurança nos sistemas de pagamento. Em pouco tempo, com a massificação do bitcoin, não serão mais necessários intermediários para realizar compras, remessas e outras transações financeiras.
Apesar de não haver uma regulação formal, o mercado adota melhores práticas internacionais de compliance e segurança da informação para proteger quem busca movimentar recursos com essas moedas. Para comprar bitcoins, por exemplo, o dinheiro tem a sua origem verificada e o usuário tem a obrigação de comprovar a licitude dos recursos e da movimentação. Além disso, as operações com bitcoin são devidamente tributadas.
As criptomoedas não foram criadas para a lavagem de dinheiro, movimentações criminosas ou fraudes. Ao contrário, o setor se esforça para não deixar qualquer espaço para esses tipos de delito, garantindo a lisura e a segurança das operações.
O desconhecimento do mercado e de seu funcionamento ainda geram preconceito e desconfiança. Por isso, é preciso concentrar esforços na educação financeira do usuário e do investidor potencial, e na informação aos formadores de opinião e ao poder público.
Os aplicativos de transporte não acabaram com os modelos tradicionais, tampouco os aplicativos de aluguel com os hotéis ou pousadas. Assim também as criptomoedas não acabarão com o sistema financeiro tradicional, mas irão aperfeiçoá-lo, torná-lo mais eficiente e barato, melhorando os serviços, promovendo a concorrência e criando inovação. Milhões de pessoas terão mais liberdade para escolher como pagar uma conta, onde aplicar o seu dinheiro e tantas outras futuras aplicações que ainda serão criadas. Essa é uma realidade sem volta. Cabe a nós nos adaptarmos a ela, ou perdermos o bonde da história.
Por Fernando Furlan é presidente da ABCB (Associação Brasileira de Criptomoedas e Blockchain. É formado em Administração (UDESC) e em Direito (UNB). Foi presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa)