24/07/2018 11:41
”Caso as pesquisas se confirmem será um preço elevadíssimo, a ser pago por aqueles que insistam em disputar mandatos e não entendam a voz prévia das ruas”
Terminada a Copa do Mundo, a partir desta sexta feira, 20 de julho, começa a “Copa do voto”, com o início do prazo para realização das convenções partidárias e definição das candidaturas, que terminará em cinco de agosto.
Sobre a “Copa do voto”, muitas indagações pairam no ar.
Dois fatores se sobressaem: o curtíssimo espaço de tempo para mostrar os candidatos e o elevadíssimo grau de indefinições sobre o comportamento do eleitor.
Pelas últimas pesquisas só não enxerga quem não queira.
São evidentes nos prognósticos da pré-eleição geral de 2018, os reduzidos índices de apoio e os expressivos percentuais de ausência do eleitor nas urnas (favorece os aliados de Lula).
Caso as pesquisas se confirmem será um preço elevadíssimo, a ser pago por aqueles que insistam em disputar mandatos e não entendam a voz prévia das ruas.
Nos estados, muitas lideranças tradicionais perderão as eleições.
Avaliações sobre as causas dessa realidade apontam várias hipóteses.
Duas delas: o “enclausuramento” dos partidos, transformados em “casa grande de fazendas” e o fato das novas exigências do eleitor não serem levadas em conta pelas siglas, nas escolhas de candidatos.
Usam-se critérios antigos para agregar aparentes e falsos apoios eleitorais, que o eleitor rejeita, pelo oportunismo revelado.
Na história política nacional sempre prevaleceram verdadeiras armaduras em torno dos partidos, favorecendo “grupos” e “amigos” com interesses pontuais, regra geral pessoas sem vocação e sem o mínimo de espirito público.
Tais fatores dificultaram o surgimento de propostas, realmente inovadoras.
Percebe-se que a escassez não é do “novo”, mas de valorização da experiência política e competência no lançamento de candidatos, independente de terem ou não exercido mandatos eletivos, ou idade biológica.
Por outro lado, o momento nacional é de profundas mudanças.
Ninguém se engane: o eleitor “abriu os olhos”.
Nos mais distantes rincões do país, o what up, facebook, blogs e outros meios da Internet detalham informações instantâneas sobre os candidatos.
O curioso, até o momento, é que praticamente não se discutem propostas.
Na disputa presidencial, a polarização entre MDB, PSDB e PT saiu de cena.
Os três partidos hegemônicos perdem espaço dia a dia, por contradições internas e problemas com a justiça.
A leitura que se faz nesse início de campanha é que, no futebol o sonho do Brasil hexa está transferido para 2022.
Afasta-se também o sonho do “novo Brasil” brotado das urnas de outubro, diante do crescimento da decisão do eleitor de “não votar”.
Se essa tendência prevalecer também na política o sonho será adiado para 2022.
A dúvida é se as instituições resistirão até lá.
Por Ney Lopes, advogado, jornalista, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano; Procurador federal ––www.blogdoneylopes.com.br – [email protected]