Opinião – Ciro vê reduzir sua base de apoio

03/08/2018 12:34

 ”Mais ao centro do espectro político as coisas ficaram difíceis, uma vez que o PP, o DEM, o PRB, o PR e o Solidariedade já parecem acertados com o PSDB”

Em parte devido à traumática experiência com políticos provenientes do PDT – em particular a ex-presidente Dilma Rousseff, considerada um completo desastre –, o Partido dos Trabalhadores tem arrepios diante da possibilidade de que o candidato Ciro Gomes chegue ao segundo turno, nas eleições presidenciais de outubro próximo.

Ciro se proclama amigo histórico de Lula, mas nem o preso nem o partido dão-lhe qualquer crédito, taxando-o abertamente de mero oportunista.

Para o PT, Lula – condenado ou não-condenado, ilegível ou não –  é o candidato que deverá emergir da convenção partidária do próximo dia 4 (sábado).  Se fosse mesmo amigo de Lula, diz-se no PT, Ciro deveria enfiar a viola no saco, e partir ao Canindé, em romaria, rezar a São Francisco pela libertação do ex-presidente.  Qualquer coisa além da mais completa submissão a esse desígnio é pura e simplesmente considerada traição.

Na quarta-feira (1º de agosto), Ciro recebeu uma punhalada nas costas, desferida pelo PT e o PSB.  Os dois partidos acertaram que o segundo (que Ciro tinha como o mais fiel dos aliados)  manterá neutralidade na primeira etapa das eleições. Ciro, que ansiava por esse apoio, teve de engolir em seco. Não pode sequer atacar com impropérios os pesebistas, pois está decidido a se autocontrolar no período eleitoral, para ver se muda sua imagem de exaltado.

Na mesma noite, em entrevista à Globonews, o candidato passou recibo e acusou o golpe, assegurando ter sido sempre “extremamente leal” a Lula e manifestando surpresa com o tratamento hostil que tem recebido do Partido dos Trabalhadores.

Ciro contava desesperadamente com o apoio do PSB, não só para adicionar preciosos 44 segundos  a seu modesto  tempo  televisão na campanha eleitoral,  mas para  tentar dar alguns contornos de esquerda à sua candidatura.  Mais ao centro do espectro político as coisas ficaram difíceis, uma vez que o PP, o DEM, o PRB, o PR e o Solidariedade já parecem acertados com o PSDB.

 

 

 

Por Pedro Luiz Rodrigues

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