10/08/2018 17:30
”Nesse período o agro deu um grande presente para a sociedade brasileira, reduzindo pela eficiência, em cerca de 70% o preço dos alimentos”
Até a década de 1970 o Brasil dependia da importação de alimentos para atender o consumo interno. A Partir daí foi iniciada uma virada na produtividade comandada pela pesquisa agropecuária, rapidamente incorporada pelo setor produtivo.
Graças à ciência, em poucas décadas, transformamo-nos de atrasados “Jecas-Tatus” importadores de alimento em um dos maiores exportadores dessas commodities.
Nesse período o agro deu um grande presente para a sociedade brasileira, reduzindo pela eficiência, em cerca de 70% o preço dos alimentos. Assim o trabalhador passou a utilizar um percentual cada vez menor do seu salário na compra do sustento básico.
No entanto, somos criticados por ambientalistas, lideranças do MST, artistas e apresentadores de televisão. Até a Bela Gil e a Gisele Bündchen já se acham capazes de opinar sobre o assunto.
Afirmam que somos devastadores da natureza, que a produção de alimentos orgânicos vai nos livrar dos agrotóxicos e que uma reforma agraria ampla vai inundar as prateleiras dos supermercados com alimentos baratos.
Nada contra a produção orgânica de alimentos. É um nicho de mercado que deve ser aproveitado. Porém, estamos num país tropical, onde insetos, bactérias e fungos proliferam intensamente. Acreditar que podemos produzir alimentos para toda a humanidade sem o uso de defensivos agrícolas e adubos químicos é uma falácia.
Teríamos que desmatar todo o planeta e ainda esperar que 4 a 5 bilhões de pessoas se candidatem a morrer de fome. No cerrado, por exemplo, sem tecnologia, não haveria nem o retorno da semente plantada.
Não é possível produzir alimentos para 7,5 bilhões de pessoas sem desmatar. É natural também que alguns calangos sejam incomodados em seu habitat natural.
Quanto a uma reforma agrária, ninguém é contra. Se houver agricultores com competência e vontade, será interessante inseri-los no processo produtivo.
Para tal bastaria ao governo comprar as fazendas que estão naturalmente a venda em quase todos os municípios do Brasil, dividi-las em lotes e promover os assentamentos sem invasões, sem brigas jurídicas, sem mortes, sem afrontar o direito à propriedade e sem incluir no processo o componente ideológico.
Recente estudo da NASA concluiu que o Brasil ocupa somente 8% do seu território para a agricultura e 15% para pastagens cultivadas. As áreas preservadas representam mais de 70% do nosso território.
Somos de longe o país com a maior preservação da vegetação nativa do planeta.
É claro, porém, que nesta revolução houve erros e negligências na área ambiental. Nossa mente ainda não estava ambientalmente preparada para acompanhar a velocidade do processo.
Hoje temos consciência que atendendo às pressões ambientais teremos ganhos de produtividade e valorização dos nossos produtos.
Estamos iniciando uma nova revolução agropecuária. Novas tecnologias irão aumentar a produtividade agrícola e a pecuária de corte transferirá milhões de hectares para a agricultura sem a redução do rebanho.
Dentro de uma ou duas décadas dobraremos novamente nossa produção sem desmatar nenhum hectare.
Já deixamos longe o complexo de “Jeca- Tatu”. Hoje não é mais o filho mais burro que permanece no campo. A necessidade de conhecimento tecnológico em diversas áreas do saber humano exige cada vez mais ciência e gestão na condução dos negócios rurais.
Por Arno Schneider é engenheiro agrônomo e pecuarista