Opinião – Como o tempo passa

26/06/2019 13:20

”Agora, aos 53 anos, me surpreendo  com as pessoas me questionando por que ainda não me aposentei. Alguns perguntam se eu já passei muito tempo de me aposentar”

Não sinto, me olhando no espelho, a crueldade do tempo a que muitos se referem. Quem nota são os outros, o que se percebe pelos comentários.
Quando me tornei repórter, aos 18 anos, todos comentavam como  eu era novinho e lindinho. Continuei uma criança ao me graduar em Direito, aos 23 anos, quando deveria ter terminado o curso aos 22, mas tive de trancar a matrícula por causa das atividades funcionais.
Quando casei, aos 24 anos, todos comentavam como eu era novo e simpático, porque na Bahia ninguém chama o outro de bonito, especialmente se for elogio de homem para homem.
Ao ingressar na PCDF, aos 32 anos, os mais velhos me achavam novo e os mais novos da minha turma, que passaram no concurso com 23 anos de idade, me achavam velho.
Agora, aos 53 anos, me surpreendo  com as pessoas me questionando por que ainda não me aposentei. Alguns perguntam se eu já passei muito tempo de me aposentar.
Olho-me no espelho e ainda me vejo com todo o vigor. Será que estou envelhecendo sem perceber?

 

Por Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.

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