19/10/2020 13:42
Para quem se pergunta por que estou escrevendo sobre o Q-Anon com tanta frequência, eu explico. O Q-Anon é um movimento que se alastra como religião, mas ao contrário das maiores religiões –que levaram milênios para criar suas verdades– ele cresce com a rapidez da fibra ótica, porém com a capacidade de processamento de uma máquina à manivela.
Nosso cérebro não desenvolveu a habilidade de filtrar tanta informação, e selecionar o que é válido e o que é descartável. Ideias são apresentadas a varejo, e quem quer comprar uma tem que levar o pacote inteiro, aceitando o todo apenas porque uma pequena parte lhe interessa. E assim se cria um fanatismo de forma exponencial, só possível na nossa era, um vôo de borboleta que vira terremoto em tempo recorde e vai causar danos que ainda não sabemos calcular.
Na minha opinião, só existe um outro movimento tão igualmente ou mais prejudicial no mundo hoje, só uma outra seita criando uma verdade alternativa e destruindo nossa realidade partilhada, corrompendo não só a lógica, mas os verdadeiros princípios da lógica: o Black Lives Matter.
Já expliquei um tempo atrás que não me interessa analisar a realidade como foto, e sim como filme, como uma curva em que a velocidade e a direção são computadas. E se a foto não lhe assusta, leitor, o filme deveria.
A coluna de hoje é sobre o poder da mente no processo de auto-engano. É sobre a mente que mente, e nossa impotência em lutar contra nosso maior inimigo –nós mesmos, e as vontades inadmitidas ou não identificadas que desenham o mapa das nossas convicções. Vou dar um exemplo sobre mim mesma e admitir que eu, também, tenho essas vontades escondidas, e que se eu não for atenta o suficiente e honesta comigo mesma, corro o risco de deixar que essas vontades tomem as rédeas da minha razão.
Para quem não sabe, sou uma das pessoas que suspeita que a hidroxicloroquina pode ser eficiente contra a covid-19 ao sinal dos primeiros sintomas. Tenho algumas razões para isso (mais ou menos explicadas aqui e aqui), mas a mais forte de todas é que conheço os princípios econômicos e políticos que poderiam impedir a hidroxicloroquina de ser reconhecida como eficiente.
E o que isso tem a ver com o Q-Anon? Nada, mas tem tudo a ver com meu interesse em ver a cloroquina confirmada como um medicamento eficiente contra a covid-19. A partir do momento em que eu declarei minhas suspeitas e previsões, eu criei em mim mesma a vontade que essas previsões se confirmem. Eu virei refém da minha opinião inicial –mas na verdade não virei, porque me mantenho alerta e tento ser honesta comigo o tempo todo, ainda que a contragosto.
No meu caso, o risco de eu virar refém de uma opinião emitida é limitado, porque não tenho medo de estar errada, ainda que eu tenha muito prazer em estar certa. Eu faço esforço constante para não cair naquele buraco onde sou confirmada a todo momento, onde notícias são selecionadas sob medida para me dar aquela sensação de superioridade e onde eu posso dizer uma das frases mais orgásmicas já inventadas: “Eu avisei”.
No caso da cloroquina, 1 dos mecanismos que eu uso para não me deixar enganar na hora de selecionar fontes sobre esse assunto é desconfiar de quem sempre a defendeu –exatamente pela razão que expliquei acima. Minha preferência é ouvir quem nunca defendeu a cloroquina e agora o faz. O contrário também é verdade –quem sempre negou a possibilidade que ela funcionasse não serve como referência pra sua ineficiência, ao menos não pra mim. Veja que aqui não estou desconfiando de interesses escusos: hedgefunds que financiam empresas farmacêuticas, cientistas pagos por patentes novas etc.
Claro que já desconfio naturalmente desses interesses comerciais escondidos por trás do rótulo de Ciência. Estou indo além na minha desconfiança. Não são apenas interesses escusos e monetários que regem teorias –nossa mente, com toda a boa intenção do mundo, também o faz sem ganhar um centavo pra isso. Se você é defensor contumaz da eficiência ou ineficiência da cloroquina, ou defensor contumaz da teoria racial crítica, ou do Q-Anon, é muito alta a probabilidade que você seja incapaz de reconhecer erros de lógica na teoria que usa pra se confirmar.
Por isso quero mostrar agora a seguidores do Q-Anon que eu também partilho da sua suspeição das narrativas oficiais, e somos frequentemente também parceiros em sofrer suspeição de volta. Quero mostrar a Q-Anons que não sou daqueles ignorantes que acham que nada é uma conspiração – só igualados em singeleza intelectual por aqueles que acreditam que tudo é. Digo isso na esperança de estabelecer minhas “credenciais conspiratórias” e, quem sabe, poder dirimir a desconfiança sobre o que vou dizer, ou sobre as minha motivações.
Muitos sabem que sou autora de um livro sobre espionagem publicado por uma editora em Londres. Só que vale contar aqui que esse livro tinha sido escrito um ano antes, encomendado por uma editora em San Francisco, nos EUA. Esse acordo original não vingou porque acabei me negando a tê-lo publicado com as mudanças exigidas pelo meu sub-editor, que duvidou de várias coisas que escrevi. Eu então subsidiei minhas afirmações com fontes seguras e notas de pé de página, e o sub-editor mudou seus contra-argumentos, mas todos eles ainda estavam fundamentados no mesmo sentimento: o desconforto que o cara sentia ao ser confrontado com fatos que desafiavam suas crenças. O sub-editor, que não acreditava em teorias da conspiração, era um crente radical na ausência delas, e se tornou refém dessa convicção absurda.
Depois de muita briga, ele decidiu que iria eliminar trechos que enfraqueciam a conhecida “narrativa oficial” –aquela validada pela mera repetição, o esquema tácito em que um jornal avaliza o que o outro falou e ambos se atestam mutuamente num infindável círculo auto-satisfatório também conhecido como circle-jerk (prefiro não traduzir, mas encorajo a busca). Para aquele sub-editor, acreditar no que eu dizia implicava na destruição de vários alicerces nos quais ele baseou seu entendimento da política americana. Pior ainda: publicar aquilo era equivalente a quebrar o consenso oficial, o pacto silencioso que une governos, anunciantes, conglomerados de mídia e os fiéis que consomem notícias fazendo do jornal que assinam a sua bíblia.
Conto uma dessas passagens aqui com vários objetivos, entre eles pra mostrar a anons que eventualmente me estejam lendo que não me rendo a consenso. Também não tenho medo de ser ridicularizada com a pecha fácil de “conspiracionista”, e dispenso a necessidade de que um jornalista mais respeitado fale antes o que eu só teria coragem de dizer depois. Mas essa passagem deve ser contada também porque ela indica, mais uma vez, que existem forças subterrâneas interferindo na política aparente, poderes velados que agem sem restrições exatamente porque não precisam passar pelo crivo impiedoso da luz do sol. Esse entendimento está no cerne das crenças do Q-Anon, e essa história mostra que mesmo se os anons estão errados nas suas conclusões, eles não estão necessariamente errados nas premissas.
No dia 17 de janeiro de 1998, veio à tona pela primeira vez o romance secreto entre o presidente americano Bill Clinton e Monica Lewinsky, uma estagiária na Casa Branca. O furo foi dado pelo site Drudge Report, e só depois de alguns dias a história foi publicada por outros jornais. Um ano mais tarde, Bill Clinton foi acusado de criar conflitos bélicos para desviar a atenção do escândalo. Dois ataques, em particular, sustentaram essa acusação. Eles foram deflagrados contra o Afeganistão e o Sudão no mesmo dia em que Monica Lewinsky prestava depoimento ao congresso americano, e nenhum desses ataques cumpriu o objetivo declarado –o assassinato de Osama Bin Laden. Mas um mês antes da primeira revelação sobre o affair Clinton-Lewinsky, era lançado nos cinemas o filme Wag The Dog.
Wag the dog ([O Rabo] Balança o Cachorro) é uma expressão americana que significa criar uma distração para encobrir um embaraço político. E o filme fala exatamente disso: um presidente americano é pego em um affair com uma menor de idade na Casa Branca a poucos dias das eleições, e ele então contrata um cineasta e um relações públicas para inventar uma guerra e diluir o impacto do escândalo. Mas a CIA descobre o plano e, para ajudar um candidato rival, declara que a guerra (fictícia) acabou. Não vou contar mais porque o filme é sensacional e merece ser visto.
Wag The Dog foi lançado nos cinemas no dia 17 de dezembro de 1997, um mês antes da reportagem do Drudge, mas as similaridades entre o filme e o que viria a acontecer são impressionantes, e foram abordadas inclusive em comissões de investigação no congresso americano Congresso Americano por deputados intrigados com tantas coincidências.
Uma delas, em particular, é difícil de ser explicada apenas pelo acaso, porque ela é uma quase-réplica de uma imagem que só seria conhecida do público (e se tornaria icônica) tempos depois que o filme foi lançado: a do presidente americano cumprimentando uma menina de boina que viria a se tornar sua amante. Essa imagem aparece só por alguns milésimos de segundos no filme, e apenas como uma meta-imagem (uma tela de TV num aeroporto). Pra quem quiser ver a cena no seu contexto, aqui está um link para o filme no youtube, no momento que a imagem aparece.
Aqui nesta página, eu mostro a captura da tela do filme, à esquerda, e a famosa imagem de Bill Clinton com Monica Lewinsky à direita. Para quem quiser saber mais, procurem reportagens sobre as chantagens que Bill Clinton sofria de agências de inteligência que demandavam, entre outras coisas, perdão presidencial para espiões colaboradores.
Na semana retrasada eu citei a frase “É mais fácil enganar uma pessoa do que convencê-la de que ela foi enganada.” Hoje sabemos que vários experimentos confirmam essa tese. Em 1975, estudos da Universidade de Stanford conseguiram mostrar algo fascinante. Sob a justificativa de estarem tentando entender o suicídio, examinadores deram a vários alunos duas cartas de despedida: uma delas escrita por alguém que se suicidou, a outra uma carta falsa.
Eles então perguntaram aos alunos qual carta eles acreditavam ser genuína. Os examinadores depois informaram aos alunos que metade deles tinha se saído muito bem, acertando a maioria das vezes e revelando uma perspicácia natural para aquele tipo de compreensão. A outra metade não acertou com a mesma frequência, e carecia daquela sensibilidade. Mas depois os alunos foram informados que os resultados eram falsos, e faziam parte de um outro experimento.
Mais tarde, numa outra fase desse estudo, esses dois grupos foram questionados sobre como estimavam sua capacidade de distinguir uma carta genuína de uma falsa, e como comparavam essa sua capacidade com a média dos estudantes. Para a surpresa dos examinadores, os alunos que inicialmente foram informados que acertaram mais do que a média estimaram em sua maioria que tinham mais capacidade que a média dos alunos. O grupo que foi informado ter errado mais manteve a mesma tendência, acreditando ter menos capacidade. Ou seja: mesmo sendo avisados que os resultados eram fictícios, a primeira impressão foi a que ficou, ainda que falsa.
Em um outro experimento da Stanford décadas depois de Stanford, décadas depois, alunos receberam informações sobre 2 bombeiros, Frank e George: quantos filhos tinham, quais seus hobbies etc, e como cada um se posicionava diante de riscos à sua vida. Um se arriscava muito. O outro não. Para um grupo de alunos, o bombeiro que não se arriscava à toa foi descrito como um profissional excelente que vivia recebendo elogios dos seus superiores. Para outro grupo, o bombeiro que não se arriscava à toa foi descrito de forma oposta: como incompetente, e sempre recebendo reclamações dos superiores.
Na metade do experimento, os pesquisadores avisaram aos alunos que tanto Frank como George eram fictícios. Ao final do teste, contudo, os alunos foram perguntados que tipo de atitude eles associavam a um bombeiro de sucesso, e que atitude teria um bombeiro fracassado. As respostas corresponderam exatamente à informação inicial recebida pelos estudantes, mesmo eles tendo sido informados de que elas eram falsas: alunos que leram sobre o bombeiro de sucesso que se arriscava passaram a associar risco com sucesso; os outros associaram risco com fracasso.
Esses estudos indicam que é difícil se desfazer de uma opinião já formada. O que não se sabe ainda é por que isso acontece. Mas outro estudo, também da Stanford, sugere que o ego tem papel importante nesse viés de confirmação. Nesse experimento, quando os alunos são confrontados com opiniões contrárias às suas, mas reapresentadas como sendo suas opiniões originais, eles as defendem. O oposto também aconteceu: quando as opiniões foram apresentadas como sendo de outros alunos, quem as defendia de repente passou a discordar delas.
Se o ego é realmente fator relevante na convicção, mais do que a lógica e a razão, então a internet e as redes sociais só podem estar piorando a coisa toda, porque agora nossas crenças são públicas. Aquele papo de “religão e futebol não se discute” acabou, e agora apostamos nas nossas convicções publicamente: brigamos com pais, irmãos e tios por elas; deixamos de falar com amigos depois de eleições; eliminamos do círculo imediato as pessoas que pensam diferente.
Se antes era difícil admitir estar errado quando nossas crenças eram convicções íntimas, como fazer isso agora que arriscamos nossas ideias na banca de apostas das mídias sociais? Tribos que são formadas por opiniões similares exigem a defesa dessas opiniões para a afiliação. Como abandonar essas ideias quando elas provavelmente vão resultar no nosso próprio ostracismo? Como abrir mão dos amigos e seguidores que construímos apostando nossa reputação em certezas impossíveis?
No caso do Q-Anon, eu vejo ainda outros empecilhos para a evolução do pensamento. Primeiro, o que quero dizer por “evolução do pensamento”? Eu quero dizer que em grande parte a verdade é móvel, gradual, progressiva, e depende essencialmente do tempo que se tem para se chegar a ela. Mudar de opinião não é apenas sinal de inteligência –em muitos casos, é condição essencial para a verdade ou para a solução mais inteligente.
Vou dar um exemplo: eu baixei um jogo de xadrez num Nokia antigo em que eu podia jogar em vários níveis de habilidade, de “chimpanzé” a “Kasparov”. Logo no começo me perguntei quanto do CPU cada nível ocupava, mais me dei conta que só existia uma única diferença computacional entre jogar com um macaco e com o gênio do xadrez: a diferença era o tempo que era dado ao computador para calcular a melhor jogada. Quanto mais tempo o computador tem pra calcular a jogada, menos chimpanzé e mais Kasparov ele é. Essa relação da verdade com o tempo acontece mesmo quando se tratam de questões subjetivas. Pensem num julgamento em que o juiz tem que decidir pela culpa ou inocência de um réu. Sua decisão provavelmente vai mudar de acordo com as provas que lhe são apresentadas. E quanto mais tempo, mais provas ele vai ter da inocência ou da culpa do indivíduo.
Mas se por um lado o tempo é proporcional à verdade, por outro ele também pode agir de forma inversa. Explico. Eu fiz um pseudo-experimento em que eu deixei um vídeo no twitter perguntando quem acreditava no que uma certa terapeuta estava falando. Já no começo é possível notar o absurdo da alegação da mulher: ela diz que sua amiga teve filhos que morreram ao se oferecerem como voluntários para testar uma vacina contra a covid-19. Um deles era menor de idade. Para qualquer pessoa com dois neurônios funcionando, esse fato sozinho já deveria ter causado suspeição, e o fato de duas pessoas de uma mesma família (de médicos!) serem voluntários também. Também deveria causar suspeição o fato de a mulher se proteger de futuros processos judiciais, já que ela não dá nenhum nome no vídeo, e nem mesmo menciona o nome da doença para qual a vacina teria sido testada (ela se referia à covid-19 como “cocó” e à gripe como “atchim”, tudo, segundo ela, pra escapar da censura do YouTube –e de processos, pode apostar). Mas várias pessoas que assistiram o vídeo antes de eu postar acreditavam nele. Por que? Por uma única razão: porque queriam acreditar.
Então eu fiz um pedido a todos que quisessem responder à minha pesquisa: que eles assistissem ao menos aos primeiros cinco minutos do vídeo. E a grande maioria dos quem fizeram comentários confirmou o que eu suspeitava: eles reclamaram dos “cinco minutos perdidos” da sua vida. Esse é outro dos empecilhos à evolução da opinião: o investimento que se fez para se chegar até ela. E tempo é o investimento mais valioso que existe. Dêem uma olhada nos vídeos do Q-Anon explicando suas teorias: a maioria é de vídeos longuíssimos que requerem um investimento –uma credulidade– já prometido de cara, à vista, no momento em que nos propomos a sentar por uma hora e receber a doutrina. É talvez por isso que tantas pessoas nos grupos do Q-Anon, nas vezes em que se atrevem a discordar ou questionar o grupo, começam com a frase “Eu queria muito acreditar, mas…” Em 2 grupos que sigo no Telegram, foram enviadas cerca de 12 mil mensagens, em apenas 15 dias.
Um dia recebi mensagem de um seguidor do Q-Anon tentando me convencer que a morte do George Floyd era uma farsa. A evidência que essa pessoa tinha era que um tweet feito pela Obama Foundation, antes da morte do George Floyd mostrava a cara do indivíduo na página inicial da fundação. A pessoa me falou aquilo com uma excitação descontrolada, e admitiu: “Meu coração tá batendo forte”. Eu então expliquei que mesmo que as palavras em tweets não mudem, a imagem associada a URLs específicos mudam de acordo com o que está na página. Ou seja, a foto na página da fundação do Obama mudou, e portanto a foto no tweet que levava a ela também mudou. Após ser convencida de que minha explicação fazia sentido, a pessoa me disse com um misto de decepção e esperança: “Mas tem coisa estranha nessa morte aí”, no que eu retruquei, “Não. Você quer que tenha algo estranho nisso aí”. E esse querer faz toda a diferença.
Eu tenho um exemplo dessa “irracionalidade do querer” que acomete a mim mesma. Vou ser breve pra não me envergonhar muito, mas resumidamente: de vez em quando eu me pego desejando ter alguma doença ou motivo de internação hospitalar pra poder justificar o que eu gasto com plano de saúde. Ou seja, mesmo sabendo que é melhor eu não ter doença nenhuma, eu só vou acreditar que fiz um ótimo investimento na hora em que eu precisar de hospital por alguma razão muito séria e poder virar pro lado e falar “Tá vendo como foi inteligente a minha decisão de fazer aquele plano de saúde?”
Por Paula Schmitt é jornalista, escritora e tem mestrado em ciências políticas e estudos do Oriente Médio pela Universidade Americana de Beirute. É autora do livro de ficção “Eudemonia” e do de não-ficção “Spies”. Venceu o Prêmio Bandeirantes de Radiojornalismo, foi correspondente no Oriente Médio para o SBT e Radio France e foi colunista de política dos jornais Folha de S.Paulo e Estado de S.Paulo. Publicou reportagens e artigos na Rolling Stone, Vogue Homem e 971mag, entre outros veículos.