Opinião – MDB e Emanuel: o Ocaso

09/12/2020 12:14

”Não apoio do MDB à reeleição de Pinheiro beira o non sense”

Que essas eleições foram atípicas não se discute; porém, o não apoio do MDB à reeleição de Pinheiro beira o non sense. É até compreensível uma ou outra defecção por querelas de cunho pessoal, mas a unanimidade do partido contra ou “neutra” é, simplesmente, inconcebível.

O genial escritor Miguel de Cervantes, autor de “Dom Quixote”, vaticinou: “Ainda que a traição agrade, o traidor é sempre odiado”.

A traição dos membros do MDB cuiabano pode inviabilizar a permanência do prefeito de Cuiabá na sigla partidária por algumas razões: primeiro, a perda de confiança; segundo, a pretensa candidatura de Pinheiro ao Paiaguás e terceiro, postura, no mínimo, dúbia do cacique-mor emedebista, Carlos Bezerra.

A filosofia, em especial a Ética, preconiza que existem dois níveis de confiança: a fiabilidade – mais básica – (reliability) está relacionada às interações com desconhecidos, instituições e com o mundo,  e a confiança (trust) – mais profunda –  relaciona-se com as interações morais entre os indivíduos e envolve a promessa; assim, quando essa é quebrada, tem-se a traição.

A traição dos membros do MDB cuiabano pode inviabilizar a permanência do prefeito de Cuiabá na sigla

Emanuel perdeu tanto a fiabilidade no MDB quanto a confiança em seus correligionários mais próximos, amigos. Portanto, a consequência dessa dupla perda de confiabilidade, o levará, muito provavelmente, a buscar nossos laços de confiança não apenas institucional mas também afetiva, afinal, não se dorme com o “inimigo”.

O alcaide da capital mato-grossense tem mais de 30 anos de vida pública, inclusive com três mandatos de deputado estadual e como administrador da Cidade Verde, mostrou-se extremamente competente não só para a gestão dos espaços públicos como também na humanização e cuidado com a população cuiabana.

Com poucos senões (em maioria, superados) e um vice à altura para ocupar o sétimo andar do Alencastro, o atual prefeito credencia-se fortemente para 2022 disputar o governo de Mato Grosso, ainda mais pela imensa empatia entre ele e o funcionalismo público do Estado.

Sabidamente o deputado federal e dono do MDB mato-grossense, Bezerra, tem outros planos para a legenda e eles não incluem Emanuel, mas Mauro Mendes; isso ficou claro tanto “silêncio” eleitoral quanto pelas declarações na imprensa. Ficar no “Manda Brasa” é quase um suicídio político para Pinheiro. Daí o “Ocaso”, quando algo termina ou chega ao seu limite.

Diante desse tabuleiro político complexo e dinâmico, o que fazer? EP está como Édipo diante da mitológica Esfinge de Tebas e seu enigma: “Que animal anda pela manhã sobre quatro patas, a tarde sobre duas e a noite sobre três?”  Por ter que deixar o novo mandato pelo meio; por ser um político analógico (algo facilmente reversível); por não ter o controle da máquina partidária e nem laços fortes com o agronegócio, Emanuel pensa em responder ou não à “Esfinge de 2022”, cujo bordão ela repte: “Decifra-me ou te devoro”.

 

 

 

 

Por Sérgio Cintra é professor de Linguagens e de Redação.

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