”John tendo 18 anos e o mais velho, Paul decidiu se colocar tranquilamente como seguidor, sem inveja, sem rancor. O que não acontece no Brasil com sua ideologia anti-hierarquia, anti-administrador”, escreve Stephen Kanitz
19/01/2022 06:34
”Para ser um bom seguidor você precisa admirar o seu chefe, um chefe que deveria ter sido escolhido num processo meritocrático”
Recentemente a revista Economist escreveu uma reportagem com o título acima.
Achei extremamente pobre, que não fazia jus aos meus ídolos The Beatles, e a Paul McCartney, em particular.
O que os Beatles, e a maioria dos quartetos tem a nos ensinar é a nobreza da seguidança.
Num quarteto todos precisam ser bons, do mesmo nível.
Mas um dos quatro precisa liderar a música, e os demais seguir numa boa.
Paul McCartney era claramente superior aos demais músicos, era o que mais compunha, sabia a direção a seguir, enfim.
Mas John tendo 18 anos e o mais velho, Paul decidiu se colocar tranquilamente como seguidor, sem inveja, sem rancor.
O que não acontece no Brasil com sua ideologia anticooperação humana, anti-hierarquia, anti-administrador.
Esse arranjo funcionou bem por 10 anos, até que surgiu Yoko Ono, que passou a querer mandar no Paul, via John.
A seguidança não vingou mais.
Para ser um bom seguidor você precisa admirar o seu chefe, um chefe que deveria ter sido escolhido num processo meritocrático.
Para mim, o chefe sempre foi Paul.
Por Stephen Kanitz, é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.