Opinião – A bomba do BNDES

”É insano imaginar que alguém queira a volta disso. Quer dizer, alguém que não fizesse parte desse enorme esquema de desvio de recursos”, escreve Rodrigo Constantino

01/02/2022 06:58

”Durante a era petista, o BNDES foi transformado no maior instrumento de transferência de dinheiro do pobre trabalhador para o rico amigo do rei

Presidente Jair Bolsonaro ao lado do presidente do BNDES em sua live semanal: massificando a corrupção petista. Imagem: divulgação

Bolsonaro prometeu uma bomba em sua live da quinta-feira sobre o BNDES, e a bomba não veio. Ao menos não uma novidade estarrecedora, com provas cabais. O presidente preparou as expectativas para uma revelação bombástica e entregou uma narrativa coesa sobre fatos relativamente conhecidos. O que ele fez, ao lado do presidente do banco estatal, foi compilar o que já era razoavelmente conhecido, e mastigar para os leigos o escândalo do BNDES petista.

O presidente prestou um serviço à nação. Ao levar Gustavo Montezano para prestar esclarecimentos, Bolsonaro permitiu ao povo brasileiro o acesso ao contraste entre a gestão petista e a atual, com bem mais transparência e foco no interesse público. A caixa preta do BNDES petista não é capaz de ocultar um esquema de proporções gigantescas, por mais que tenha o verniz da legalidade.

O PT pegou um banco de fomento com desembolsos anuais na casa dos R$ 30 bilhões, e logo elevou o patamar para R$ 200 bilhões. O grosso dessa montanha de recursos era para grandes grupos econômicos, os “amigos do rei” no processo de seleção dos campeões nacionais. Entre eles, a JBS de Joesley Batista, que confessou ter comprado diversos parlamentares da base governista, e também a Odebrecht, parceira no crime da quadrilha petista.

O BNDES usou recursos do trabalhador brasileiro para financiar metrô na Venezuela chavista, porto em Cuba e obras em Angola. Tudo sob o comando de ditaduras camaradas do PT. Em Cuba, as garantias eram charutos produzidos em Havana, ou seja, o governo brasileiro, no caso de calote, teria de penhorar charutos para pagar a conta bilionária. Claro que nosso país levou fumo e os quase dez bilhões de reais viraram fumaça.

Houve também uma espécie de pedalada fiscal por meio do BNDES. O banco emprestava essa montanha de recursos aos companheiros do PT, e o Tesouro transferia o dinheiro ao banco, a taxas acima dos subsídios ofertados aos companheiros. A dívida bruta subia exponencialmente, mas a dívida líquida não, pois o banco estatal era credor das empresas, e o Tesouro era credor do banco. Um esquema pouco sofisticado, mas que enganou analistas dispostos a serem enganados, por simpatia ao PT.

O mensalão e o petrolão, em suma, foram apenas a ponta do iceberg. O BNDES foi o verdadeiro mecanismo da corrupção petista. Foi parte disso que Bolsonaro tentou expor ao lado do presidente do BNDES, para deixar claro ao eleitor a guinada na gestão da instituição. Durante a era petista, o BNDES foi transformado no maior instrumento de transferência de dinheiro do pobre trabalhador para o rico “amigo do rei”. É insano imaginar que alguém queira a volta disso. Quer dizer, alguém que não fizesse parte desse enorme esquema de desvio de recursos.

 

 

 

 

Por Rodrigo Constantino, economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.