”Não é possível ignorar as consequências da crise econômica, como a escassez de insumos e matérias-primas, e elevação dos preços”, escreve Matthias Schupp
18/02/2022 06:39
”É razoável prever, apostando em um novo marco tecnológico e política industrial que incentive a inovação, que o ano de 2022 possa representar a retomada da indústria e de forma responsável”
Sempre que alguém cita a palavra “crise”, lanço o desafio: tire o S da palavra e transforme “crise” em “crie” – temos o futuro em nossas mãos. É uma proposta para encarar momentos críticos como oportunidades. O mundo passa por um período de muitas mudanças e incertezas a respeito do cenário econômico. Mas, mesmo assim, é possível fazer uma aposta para o setor industrial brasileiro: será o ano da inovação aliada com a sustentabilidade. Ou seja, o ano de criar pensando nas consequências futuras.
A aposta não é apenas um desejo para o ano que começa, mas sim fruto de um novo patamar que se abre com a instalação da tecnologia 5G no Brasil. O leilão foi realizado pelo governo federal em 2021, os contratos com as empresas vencedoras foram assinados em dezembro, e assim já é possível iniciar a instalação da infraestrutura para a nova tecnologia. O prazo previsto pelo edital para que o serviço seja oferecido nas capitais vai até julho de 2022 e, nas demais cidades, até 2029. Para toda a população, será a possibilidade de maior conectividade.
Para o setor industrial, de imediato, há benefícios como aumento de conectividade, transferência de arquivos e melhoria na qualidade de reuniões por videoconferência. Mas o grande avanço será na chamada Internet das Coisas (IoT), que significa uma revolução tecnológica ao permitir comunicação entre equipamentos, por meio de sensores, softwares e demais tecnologias, com o objetivo de conectar e trocar dados com outros dispositivos e sistemas pela internet.
A cadeia produtiva dos mais diversos setores avançará muito com a IoT e os mecanismos de nuvens e inteligência de dados, utilizados no dia a dia das empresas. Sem falar das possibilidades de inovação em novos produtos, o que vai gerar ganho de consumo. Não são consequências de curto prazo, mas a hora de planejar e investir é agora.
Sairá na frente quem já mantém no DNA a pesquisa para inovação. Porém, tal avanço será um salto para a reputação da empresa se estiver aliada às ações de sustentabilidade e demais pilares da agenda ESG – environmental, social and governance. De nada adiantará investir em inovação de procedimentos e produtos se as diretrizes para uma cadeia mais sustentável, social e que envolva um novo tipo de governança não estiverem no escopo. Os avanços tecnológicos devem permitir a diminuição no desperdício de recursos naturais, uso de energias alternativas para a produção, melhoria da cadeia produtiva, diminuição de tempo nos processos, organização dos dados e melhor comunicação. Empresa, colaboradores, consumidores e toda a rede de relacionamentos ganham se o avanço tecnológico e de processos estiver aliado com a sustentabilidade.
Não é possível ignorar as consequências da crise econômica, como a escassez de insumos e matérias-primas, e elevação dos preços no mercado mundial. Mas é razoável prever, apostando em um novo marco tecnológico e política industrial que incentive a inovação, que o ano de 2022 possa representar a retomada da indústria e de forma responsável.
Por Matthias Schupp é CEO da Neodent e EVP do Grupo Straumann na América Latina.