Achamos absurdo escolher qualquer pessoa sem avaliar seu QI emocional, sem uma entrevista pessoal, sem uma dinâmica de grupo para verificar liderança, por exemplo, escreve Stephen Kanitz
23/03/2022 06:28
”São testes de múltipla escolha e todos os alunos acham que isso é educação”
O vestibular unificado está destruindo o nosso ensino médio e a habilidade de pensar por si.
Escolas privadas e pais preocupados com seus filhos passarem no vestibular, acabam dirigindo o ensino médio exclusivamente para as matérias do vestibular.
São testes de múltipla escolha e todos os alunos acham que isso é educação.
A vida não lhes oferece múltiplas escolhas e basta vocês escolherem a melhor.
Essa é uma visão equivocada da vida que nossos filhos acreditam.
Ou são obrigados a escrever uma redação onde precisam propor uma solução para o Brasil.
O SAT americano nada tem a ver com as matérias do ensino médio, ele mede raciocínio verbal e raciocínio quantitativo.
Testes de QI, que medem sua capacidade de raciocinar, preveem 50% do seu sucesso na vida, o resto é esforço e atitude.
O SAT é um teste de QI e não de matérias do ensino médio, não há como se “preparar” para um SAT.
Por isso os Estados Unidos não desperdiçam fortunas com cursinhos, onde professores show entretêm a galera com piadas de tempos em tempos.
Na China é semelhante. Lá o sistema permite você escolher uma matéria em especial, aquela da sua profissão, e também divide entre raciocínio verbal e quantitativo.
Prestei o vestibular para a Universidade de Londres e meu assunto escolhido foi Economia, que uso até hoje.
Hoje em dia quase 90% dos vestibulandos entram, e a verdadeira seleção se faz no primeiro ano da Faculdade.
Isso é feito também na Argentina, todos entram, mas onde metade desiste por perceber que escolheu a profissão errada, e os menos qualificados são eliminados.
Se as empresas selecionassem seus funcionários como nós escolhemos nossos alunos, estariam todas quebradas.
Achamos absurdo escolher qualquer pessoa sem avaliar seu QI emocional, sem uma entrevista pessoal, sem uma dinâmica de grupo para verificar liderança, por exemplo.
Aí reclamam que não temos líderes no Brasil.
Por Stephen Kanitz, é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.