os laços afetivos são muito fortes tanto lá, como cá. Ainda vejo a capital também madura aos 62 anos, como a inspiração do futuro nacional que representou lá atrás, escreve Onofre Ribeiro
19/04/2022 05:30
”No dia 21, Brasília completa 62 anos. Minha história pessoal caminhou paralela”
Neste dia 21 de abril Brasília completará 62 anos. Minha história pessoal caminhou paralela. Em 31 de janeiro de 1961 cheguei a Brasília, com 16 anos, vindo de Minas pra estudar o curso científico (ensino médio). Gostaria de falar dessa Brasília.
No primeiro momento. Depois, no segundo momento, da importância de Brasília para o Centro-Oeste e para Mato Grosso em especial.
O Plano Piloto onde funciona a sede do poder, era um imenso canteiro de obras em pleno andamento. A área do poder principal já estava concluída: os palácios do Planalto, da Justiça e o Congresso Nacional. Metade dos prédios dos ministérios. Algumas superquadras de apartamentos funcionais e o mais era o cerrado de terra avermelhada.
Fui estudar no colégio Elefante Branco. Uma proposta de educação completamente nova naquela Brasil atrasado dos anos 1950/1960. Uma visão nova de educação. Depois na recém-criada Universidade de Brasília, a UnB. Mesmo no poeirão que pairava sobre a cidade, era visível a sua extraordinária modernidade. Profunda ruptura da arquitetura brasileira.
Tudo era grandioso. Mas tudo era precário também. Um sonho em andamento. Hoje, 62 anos depois, o sonho está concluído como cidade. E como motor da influência pra desenvolver o Centro-Oeste.
Em 1960 o Centro-Oeste era sertão profundo! Cuiabá, por exemplo, tinha 57 mil habitantes. Os estudantes que antes estudavam no Rio de Janeiro e de lá traziam a antiga influência da corte, passar a estudar em Brasília e se contaminar pelo espírito da modernidade que Brasília trazia embutida.
Brasília, no sonho do presidente Juscelino Kubitscheck, deveria ser o pólo para a construção de uma nova civilização brasileira no interior do Brasil. Entendia que o litoral o Brasil era contaminado pelo colonialismo europeu. O Brasil precisava ser brasileiro!
Hoje passados 62 anos Mato Grosso e os demais estados do Centro-Oeste de fato representam uma civilização nova. População muito misturada com gente de todo o Brasil. Produção econômica importante e crescente. Diversificação.
Relações internacionais muito relevantes. Crescente adoção de tecnologia e associação de pontas econômicas muito fortes, como agricultura, agroindustrialização, pecuária diversificada, mineral, ambiental, sustentabilidade, madeira, turismo. Qualidade de vida indiscutível.
Hoje já maduro, minhas relações com Brasília ligam-se à família lá remanescente. Mas os laços afetivos são muito fortes tanto lá, como cá. Ainda vejo a capital também madura aos 62 anos, como a inspiração do futuro nacional que representou lá atrás.
Por Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.