Opinião – A Solução é Educação

Sem professores, sem livros didáticos, sem aulas chatas, sem soluções absolutamente certas, sem possibilidade de cola nos exames mensais, sem silêncio absoluto dos alunos que no Brasil são simples robôs facilmente doutrinados. Escreve Stephen Kanitz

17/06/2022 06:27

”A Fiesp mais uma vez mostrou o atraso do empresariado brasileiro”

Reprodução.

Já discuti sobre o futuro do Brasil com várias turmas de profissionais preparados.

Depois de duas horas de pessimismo e falta de soluções claras, alguém que pouco falou termina com “A solução é educação”.

Simples, sem detalhes, sem propor inovação, sem falar das competências futuras que na nossa época não eram necessárias.

Saio desanimado com as nossas elites toda vez.

Desculpem todos vocês que terminam com a mesma frase, mas mais uma vez o problema da educação passa por 50 variáveis que ninguém discute, ninguém nem sabe.

A última iniciativa da Fiesp, que agrega pessoas inteligentes, mostra bem o que estou dizendo.

Uma das variáveis esquecidas é a arquitetura da sala de aula, pasmem.

A maioria das nossas salas de aula são fileiras de cadeiras voltadas ao professor, que normalmente fica em cima de um palanque, para parecer superior.

Entrei no site da Fiesp e não achei nenhuma pesquisa sistemática sobre a educação no Estado de São Paulo.

Não achei nenhum estudo tipo Think Tank.

Mesmo assim eles acharam que tinham o direito de apresentar uma solução.

E observado como nossas salas de aula estão dispostas, a Fiesp chegou na conclusão óbvia.

“Precisamos de melhores professores.”

Minha sala de aula em Harvard era uma ferradura. Todos os alunos enxergavam todos os demais.

As aulas eram centradas nos alunos, não no professor.

Ele mal falava, somente no final para dar um resumo sobre o que havíamos discutido entre nós.

Não havia livro didático que sempre ensina algo do passado, só estudos de casos e problemas para resolvermos.

Não somente tínhamos que achar as soluções dos problemas, mas convencer nossos colegas de que estávamos certos.

Outra dinâmica, outro tipo de aluno, outra dinâmica.

Sem professores, sem livros didáticos, sem aulas chatas, sem soluções absolutamente certas, sem possibilidade de cola nos exames mensais, sem silêncio absoluto dos alunos que no Brasil são simples robôs facilmente doutrinados.

Vejam a pobreza da solução da Fiesp.

Felizmente um amigo meu criou a Acton Academy em Ilhabela que é uma revolução para melhor.

Segue os princípios do método de estudo de casos, com muita discussão entre alunos e solução de problemas.

O Ricardo me disse que é impressionante o crescimento da autoestima dos alunos, o desejo de aprender, de discutir, de ouvir ideias melhores.

A Fiesp mais uma vez mostrou o atraso do empresariado brasileiro.

 

 

 

 

Por Stephen Kanitz é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.