Opinião – Debate econômico precisa estar presente na eleição presidencial

Todos nós queremos que o Estado seja mais eficiente e que possibilite oportunidades a todos. Todos nós queremos avanços na produtividade e eficiência das empresas. Lucas Lautert Dezordi

14/10/2022 08:47

”O ponto central e inicial em uma democracia é o debate construtivos de ideias”

Sede do Ministério da Economia. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Esperamos que no segundo turno das eleições presidenciais, no Brasil, o debate econômico ganhe importância ao longo do processo. Lula e Bolsonaro precisarão apresentar com mais detalhes suas propostas para uma retomada da economia com mais investimentos e programas sociais. Neste sentido, classifico três pontos macros que devem permear o debate. Não são os únicos, mas estão interligados.

Primeiro são as políticas públicas de apoio à população mais vulnerável. Áreas como educação, saúde e segurança pública devem estar no foco do debate. Por exemplo, será fundamental apresentar como a política de Auxílio Brasil ou Programa Fome Zero serão inseridas no orçamento de 2023, um ano de recessão mundial. Ademais, detalhar os valores a serem transferidos, a duração do programa e suas principais características poderão auxiliar uma análise de sua efetividade ao longo do tempo, principalmente, no combate às desigualdades sociais. Minha sugestão seria recriar o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que seria responsável pelas políticas públicas, e definir o mais breve possível a equipe responsável por esse desafio. Pode ser uma equipe de formação heterodoxa ou ortodoxa, mas especializada em políticas públicas.

O segundo grande marco do debate econômico está relacionado à agenda de reformas e privatizações. Os eleitores precisam saber quais são prioridades e os principais pontos. Por exemplo, as reformas administrativa e tributária estão prontas para serem debatidas em plenário. Vão ser prioridade? Ambas buscam melhorar a eficiência do setor público e privado, definindo regras e simplificações. Ademais, em um eventual governo Lula, a reforma trabalhista será revisitada ou alterada? Teremos avanço em algum programa de privatização? Ou seja, são muitas perguntas e poucas respostas concretas.

A retomada dos investimentos públicos e privados seria o terceiro pilar. Um crescimento econômico sustentável será possível somente com a ampliação da formação de capital. Investimentos em infraestrutura, indústria e novas fábricas poderão recolocar o país nas cadeias produtivas globais. O foco central seria inserir um novo ciclo de investimentos produtivos à reindustrialização de nossa economia, pois assim poderemos adicionar valor à cadeia produtiva. Minha sugestão seria recriar o Ministério da Indústria e Comércio e lançar um amplo programa de investimentos e industrialização.

Debater de forma integrada esses três grandes marcos é projetar o desenvolvimento socioeconômico do país. Todos nós queremos um maior crescimento econômico com redução das desigualdades sociais. Todos nós queremos que o Estado seja mais eficiente e que possibilite oportunidades a todos. Todos nós queremos avanços na produtividade e eficiência das empresas. O ponto central e inicial em uma democracia é o debate construtivos de ideias. Sem isso, nossos desejos ficam menos ancorados.

 

 

 

 

Por Lucas Lautert Dezordi é doutor em Desenvolvimento Econômico (UFPR), economista-chefe da TM3 Capital, sócio da Valuup Consultoria e professor da PUC-PR.

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