As gerações lá e cá, a favor e contra a divisão na maioria já não está mais entre nós. Mas os efeitos estão conosco nos acompanhando e nos direcionando. O futuro está bem definido…Escreve Onofre Ribeiro
18/10/2022 06:57
”Em 1979, MT tinha 38 municípios; Chapada era o maior do mundo”
Com este terceiro artigo encerro a abordagem histórica de 45 anos e o futuro de Mato Grosso pós-1979, quando dele se separou a região Sul, formando o estado de Mato Grosso do Sul.
Em 1979, Mato Grosso tinha 38 municípios. Chapada dos Guimarães era o maior do mundo em extensão geográfica, seguido por Barra do Garças. Pra se ter uma ideia, Cáceres desmembrou-se em 14 novos municípios depois da divisão de MT.
Mas do ponto de vista econômico, o que se tinha efetivamente, era a experiência agrícola em Canarana e Água Boa, no Vale do Araguaia. Por sinal, mal sucedida. Teve um boom a partir de 1973 e depois quebrou por uma série de circunstâncias negativas. Entre elas o desconhecimento do solo, do clima pelos colonos gaúchos vindos de Santa Rosa e Tenente Portela. A falta de calcário, de estradas e de comercialização foi mais importante do que o capital financeiro.
Boa parte do sucesso nos primeiros anos a partir de 1979, no governo Frederico Campos, o primeiro do novo estado, foi o Programa de Desenvolvimento de Mato Grosso – Promat. Previa 2 bilhões de cruzeiros anuais durante 10 anos a partir de 1979, pra compensar a perda de arrecadação. Uma parte era pra custeio e outra pra investimentos. Com esse programa o governador Frederico Campos conseguiu fazer Mato Grosso dar um grande salto em quatro anos. Deixou um ótimo programa de investimentos.
Sucedido por Júlio Campos, o primeiro eleito pelo voto direto desde 1965, conseguiu financiamentos externos em grande volume e fez obras estratégicas de pavimentação nas rodovias BR-163 até Santa Helena, BR-070 até Barra do Garças, e BR-158 de Barra do Garças até Canarana. Fora a ampliação energética.
Nos governos seguintes já houve problemas. A economia ainda não respondia suficiente. Mas o Promat deixou de ser repassado porque o governo federal estava quebrado por conta de sucessivas crises internacionais do petróleo. A máquina pública inchada e endividada chegou ao governador Dante de Oliveira em 1995. Foi preciso uma ampla reforma administrativa na esteira do Plano Real, pra alavancar o crescimento. O Mato Grosso que temos hoje deve fundamentalmente a essa reforma.
Em 2022 aquele Mato Grosso debilitado pela divisão de 1979, é um gigante quando se compara com o pessimismo de 1979. Mato Grosso do Sul agora está se definindo economicamente. Demorou mais do que aqui. O olhar a divisão, tão contestada aqui, hoje se mostra um bem feito. No momento era um terremoto.
As gerações lá e cá, a favor e contra a divisão na maioria já não está mais entre nós. Mas os efeitos estão conosco nos acompanhando e nos direcionando. O futuro está bem definido nas vocações econômicas e no acerto dos dois estados diante de si mesmos, do Brasil e do mundo. Tudo isso em 45 anos.
Por Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.