Minha ascensão a Professor Titular da USP e, posteriormente, a tornar-me um dos quatro colunistas da Veja, foi a realização desse esforço contínuo de pertencer. Escreve Stephen Kanitz.
02/11/2023 06:43
“Um patriota é alguém que acredita que todos (…) devem abraçar os mesmos valores compartilhados de cooperação”
Ser um patriota não significa simplesmente amar tudo o que já existe, ou ter um profundo carinho pelo nosso passado histórico, tradições e pelo status quo atual. Isso seria uma simplificação equivocada. Além disso, muitas vezes nos falta um passado robusto para nos orgulhar verdadeiramente.
Cada nação é forjada através da colaboração humana, sendo esse processo essencial para elevar o padrão de vida além das necessidades básicas. Se nos comportássemos apenas como indivíduos isolados, enfrentaríamos escassez e desamparo.
Alguns países têm sido mais bem-sucedidos em cultivar uma cultura de cooperação, promovendo o empreendedorismo e rejeitando comportamentos destrutivos e contraproducentes.
Queremos ter a certeza de que, em todas as regiões do Brasil, encontraremos pessoas em quem podemos confiar inquestionavelmente. Queremos ter a segurança de que, em todas as partes do Brasil, teremos compatriotas que confiarão em nós.
Nossa aspiração é transformar nosso país em um lar acolhedor, próspero e fundamentado em valores compartilhados, onde não haja luta de classes, etnias ou raças, mas sim cooperação mútua.
O verdadeiro patriotismo não é uma questão individual, mas sim um desejo de que esses nobres valores sejam compartilhados por todos, do Norte ao Sul e do Leste ao Oeste. É o sentimento de pertencimento a um território onde sabemos que todas as pessoas abraçam esses valores e princípios fundamentais.
Quando viajamos para países como Argentina ou Uruguai, por exemplo, respeitamos suas culturas e tradições, da mesma forma como esperamos que os imigrantes que chegam ao Brasil respeitem os nossos.
Questionamos se esses recém-chegados estão alinhados com os nossos princípios e valores compartilhados. Quando não estão, a integração torna-se uma missão desafiadora.
Querer que os imigrantes se integrem não é uma postura de extrema direita, como por vezes somos acusados, mas sim o desejo de que eles cooperem com os valores que consideramos corretos.
Esperamos que esses novos residentes abracem os nossos valores e princípios, ao invés de impor os seus, criando comunidades isoladas. Tanto os Estados Unidos quanto o Brasil enfrentam o desafio de manter valores compartilhados em meio à sua vastidão e diversidade. Isso é evidenciado pelo crescimento dos movimentos patrióticos, refletido nas presidências de figuras como Trump e Bolsonaro, ambos descendentes de imigrantes, um de Veneza e outro de Kallstadt, Alemanha.
Infelizmente, o antipatriotismo tem emergido como resposta, em vez de promover uma cultura de cooperação humana. Em vez de buscar o entendimento da administração de organizações, os antipatriotas lutam para destruir tudo, incluindo os próprios conceitos de patriotismo, pátria e patriotismo.
Como filho de imigrantes ingleses, tive minha própria jornada de adaptação à cultura brasileira. Apesar de respeitar a cultura da Inglaterra, eu sabia que meu papel era integrar-me aos valores e princípios brasileiros, mesmo que isso implicasse superar desafios e preconceitos pessoais.
Minha ascensão a Professor Titular da USP e, posteriormente, a tornar-me um dos quatro colunistas da Veja, foi a realização desse esforço contínuo de pertencer.
Ser patriota não é endossar cegamente o status quo ou celebrar nossa história e tradições de forma inquestionável. Ser patriota é a firme convicção de que podemos e devemos aspirar a um país onde todos, em cada canto deste vasto território, compartilhem o compromisso com a cooperação, o respeito mútuo e a integridade.
Um patriota é alguém que acredita que todos os habitantes de uma nação, em todos os cantos de seu território, devem abraçar os mesmos valores compartilhados de cooperação, respeito mútuo, honestidade nos negócios e na palavra.
Por Stephen Kanitz, é um consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo