Quando observamos a Argentina sob o risco de insistir no fracasso retumbante dos peronistas de esquerda, somos forçados a concordar com o cientista. Escreve Rodrigo Constantino.
23/10/2023 11:36
“Einstein dizia que insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”
Haverá segundo turno na Argentina, entre o representante da situação peronista, Massa, e a alternativa liberal, Milei. Sim, o Foro de São Paulo colocou muita grana para beneficiar o peronista. Não obstante, é um espanto um candidato que representa um desgoverno responsável por inflação de quase 150% ao ano e miséria que atinge cerca de 40% da população chegar em primeiro na corrida.
Na América Latina, o fracasso é recompensado, pois o terreno é fértil para o populismo esquerdista, a demagogia barata dos oportunistas. Basta ler as manchetes dos jornais – e não falo apenas dos mais esquerdistas – para ter noção disso. Quase todos tratam Milei como o grande risco, a incerteza, o radical que assusta, isso falando de uma disputa contra o atual ministro da Economia, de um país com a economia em frangalhos!
O que pode ser mais ameaçador do que insistir na toada atual? O que pode ser mais radical do que o comunismo do Foro de SP, apoiando Massa? Dizem que o medo venceu a esperança, mas é possível ter mais medo do liberalismo radical de Milei do que da manutenção de um modelo fadado ao total fracasso estilo Venezuela?
Milei é um fenômeno social e por onde vai arrasta multidões. Isso faz algumas pessoas especularem sobre fraude eleitoral. Tudo é possível, pois pode existir fraude tanto em modelos eletrônicos como em papel. Mas a lição fica para a direita: mobilizar multidões nas redes sociais e mesmo nas ruas não é o mesmo que vencer eleições. Em países grandes e pobres, ainda há muitos bolsões de ignorância e miséria, de eleitores facilmente enganados pela velha imprensa ou dispostos a se vender por migalhas.
A esquerda costuma jogar as pessoas na dependência do estado, e depois as convence que só mantendo a própria esquerda no poder, responsável pela dependência, haverá alguma expectativa de vantagens. A Argentina foi um país próspero, mas isso faz muito tempo. Há décadas ela caminha a passos largos rumo ao abismo. Se o povo rejeitar a guinada liberal, capaz de reverter parcialmente o processo de destruição, então a desgraça será mesmo inevitável.
Einstein dizia que “insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Ele também dizia que “duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana”. E acrescentava: “Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta”. Quando observamos a Argentina sob o risco de insistir no fracasso retumbante dos peronistas de esquerda, somos forçados a concordar com o cientista.
Por Rodrigo Constantino, Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.