A esquerda ama a Humanidade e o Palestino; ela só não liga mesmo é para o próximo, de carne e osso, seja ele palestino ou, acima de tudo, judeu. Escreve Rodrigo Constantino.
09/11/2023 07:09
“É a visão estética de mundo, uma narrativa envolvente, a imagem de “defensor dos oprimidos” que seduz tanto alienado.”
Você lembra do Amarildo? Ele era um “pedreiro” que foi morto pela polícia, e gerou forte comoção nas rodas da esquerda caviar brasileira. Na época, escrevi um texto mostrando que a turma da esquerda não ligava para Amarildo, a pessoa, mas sim para um mascote, um símbolo a ser utilizado contra a polícia carioca. Eis um trecho:
Amarildo virou uma abstração, que usam para atacar a polícia e, por tabela, defender os Black Blocs. Caetano Veloso endossou as táticas criminosas do grupo ao posar para foto mascarado, imitando o estilo dos vândalos. Será que os artistas e intelectuais da esquerda caviar ligam mesmo para Amarildo?
Não é mais um indivíduo, mas um símbolo para toda uma mentalidade revolucionária que condena o “sistema”. E artistas e intelectuais, como sabemos, adoram criticar o sistema, enquanto usufruem de todas as suas vantagens.
Não há novidade aqui. Tom Wolfe ironizou os “radicais chiques” de seu tempo, que se reuniam em coberturas luxuosas de Manhattan, em jantares refinados, para levantar fundos para os terroristas marxistas dos Panteras Negras. A elite culpada precisa expiar seus pecados…
Imagino que a sensação de superioridade moral ao defender essa gente também sirva como forte entorpecente, muitas vezes mais poderoso do que aqueles já conhecidos. É uma onda e tanto se ver como o mais puro dos abnegados que luta pelos oprimidos. Ainda que entre uma Veuve Clicquot e outra.
Pois bem, resgato esse texto pois o palestino virou o Amarildo de hoje. Celebridades endossam manifestações com bandeiras do Hamas, um grupo terrorista que degola bebês, supostamente em prol da “causa palestina”. Mas é bem fácil perceber que a esquerda não liga a mínima para o povo palestino.
Afinal, se ligasse, não faria coro ao lado justamente de quem oprime o povo palestino. O Hamas é um grupo terrorista no comando da Faixa de Gaza desde 2006, e usa o povo palestino como escudo humano, coloca foguetes em hospitais e escolas, constrói túneis para armamentos e terroristas, não para proteger a população. Na verdade, o Hamas impede o povo de deixar Gaza!
E não é “só” isso. Onde estavam os “sensíveis” esquerdistas quando mais de 4 mil palestinos em campos de refugiados foram massacrados na guerra civil da Síria? Onde estava a indignação dessa turma quando o Líbano, sob o grupo terrorista Hezbollah, proibiu palestinos de trabalharem como médicos, advogados ou proprietários de terras?
Se o Hamas é visto como um grupo terrorista pela maioria, a Autoridade Palestina disfarça melhor, mas ainda assim oprime os palestinos. Foi exposto que prisioneiros palestinos foram torturados pelo grupo terrorista. Onde estavam as celebridades de Hollywood?
O Egito se recusa a aceitar palestinos como refugiados, pois enfrenta seus próprios problemas com os fanáticos da Irmandade Muçulmana apoiados pelo Irã xiita. Vários outros países árabes se fecham para os palestinos. Os muçulmanos são, aliás, os maiores assassinos de muçulmanos, como fica evidente nas infindáveis guerras entre eles. A esquerda nunca deu um pio sequer…
Os esquerdistas só entram em cena para fazer barulho quando há judeus envolvidos, quando Israel precisa se defender de um atentado terrorista nefasto, monstruoso, que matou cerca de 1500 inocentes, foram meninas estupradas, idosos mutilados, corpos carbonizados irreconhecíveis e até crianças degoladas.
A esquerda caviar não é pró-palestino, e sim antissemita. A judeofobia salta aos olhos. Estão cegos pelo ódio a Israel. Qualquer um que realmente se importasse com a vida de palestinos estaria contra o Hamas, exigindo a libertação de reféns, demandando que o grupo terrorista permitisse a saída do povo palestino.
O “palestino” é só uma abstração, um mascote, um símbolo da esquerda caviar que adora odiar o Ocidente e seus aliados, como Israel, a única democracia na região. É a visão estética de mundo, uma narrativa envolvente, a imagem de “defensor dos oprimidos” que seduz tanto alienado. A esquerda ama a Humanidade e o Palestino; ela só não liga mesmo é para o próximo, de carne e osso, seja ele palestino ou, acima de tudo, judeu.
Por Rodrigo Constantino, Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.