A Rússia tem ideias expansionistas, como sempre; há uma declaração segundo a qual a Rússia gostaria de estar “de mar a mar”, ou seja, do Atlântico ao Pacífico. Escreve Alexandre Garcia.
01/12/2023 12:11
“Um programa de televisão em Moscou já falou em anexar Portugal…”
Eu já alertei aqui para o referendo que vai ser realizado na Venezuela no próximo domingo, perguntando à população se ela deseja que a Venezuela assuma o território de Essequibo, que corresponde a mais da metade da Guiana – a antiga Guiana Inglesa, cuja capital é Georgetown. Essequibo é um lugar riquíssimo não apenas em petróleo, mas em energia de quedas d’água; dá para fazer hidrelétricas, iluminar Roraima sem precisar vir o Linhão de Manaus, que não estão deixando passar.
É claro que a população venezuelana vai dizer que sim. O passo seguinte será argumentar que o governo não está sendo belicoso, mas que a população deseja justiça histórica. Há laudos e decisões de cortes internacionais em favor da Guiana, mas a Venezuela alega que o território é seu por direito. E aí? A Venezuela tem armas russas, submarino russo, aviões russos, fuzis russos, está bem armada. A Rússia tem ideias expansionistas, como sempre; há uma declaração segundo a qual a Rússia gostaria de estar “de mar a mar”, ou seja, do Atlântico ao Pacífico. Ela já está lá no Pacífico e no Báltico; um programa de televisão em Moscou já falou em anexar Portugal… Enfim, a Rússia tem um pé na Venezuela, e aí fica até mais fácil para invadir território, passando por Roraima, até pela Reserva Raposa Serra do Sol, que está na fronteira. É uma esquisitice fenomenal não da nossa estratégia, mas do Supremo, que decidiu que deveria haver uma reserva indígena na fronteira.
Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas de domingo a quinta-feira. Artigo publicado originalmente em 30.11.