Opinião “Lula ladrão” não pode, mas “Bolsonaro genocida” sim

Mas o Brasil de hoje está assim: não pode chamar Lula de ladrão, enquanto está tudo bem acusar Bolsonaro de genocida. Escreve Rodrigo Constantino.

18/03/2024 07:07

“Basta mostrar tudo que se tem sobre o mensalão, o petrolão, o triplex, o sítio etc.”

Presidente Lula. Foto: André Coelho/EFE

O vice-prefeito de Porto Alegre, Ricardo Gomes, teve de prestar esclarecimentos na Polícia Federal após denúncia de Lula. Gomes sequer mencionou o nome do presidente, mas falou em um político “condenado” e “corrupto”. Pelo visto não se pode mais falar dos fatos…

O jurista Andre Marsiglia comentou sobre o caso:

Segundo a imprensa, Ricardo Gomes foi ouvido ontem pela Polícia Federal após representação de Lula, por usar expressões que teriam afetado a honra do presidente. Se o ato foi público e de autoria incontroversa, não há o que investigar. Se muito, a questão é judicial, não policial. Embora comum, levar jornalistas e politicos, que têm a fala como ferramenta, a explicar o que pensam é bastante agressivo. Por isso, considero a existência de inquérito desnecessário uma forma de constrangimento indevido. No mais, expressões ácidas e agressivas, até mesmo xingamentos, sempre fizeram parte do debate político, inclusive contra presidentes da República, como já ocorrido em anos anteriores com a aceitação pelo Judiciário do uso do termo “genocida”.

O consórcio no poder quer apagar o passado, intimidar os críticos do atual desgoverno, algo típico de distopia totalitária. Mas ladrão continua sendo ladrão.

Não se trata de um caso isolado. O deputado Nikolas Ferreira está em inquérito do STF por ter chamado Lula de ladrão, e até a PGR foi favorável a este absurdo. Está virando moda, pelo visto.

Durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, na última terça-feira (12), o deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES) informou que recebeu uma intimação da Polícia Federal (PF) para prestar esclarecimentos por ter chamado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “ladrão”.

“Hoje em dia não se pode chamar mais ladrão de ladrão e corrupto de corrupto. Recebi ontem uma intimação da Polícia Federal para comparecer no dia 20 de março à Superintendência da Polícia Federal para explicar porque eu chamei o Lula de ladrão”, informou.

Vamos aos fatos: Lula foi condenado em três instâncias, por quase dez juízes, por crime de corrupção, com “provas sobradas”. Ele foi solto depois por meio de um malabarismo supremo com base no CEP do julgamento, mas jamais foi absolvido ou inocentado.

Geraldo Alckmin disse que Lula desejava “voltar à cena do crime” quando disputou eleição contra o petista. Ministros do STF já afirmaram que houve corrupção no governo lulista, falaram em “quadrilha” e tudo mais. Está tudo na internet, e talvez por isso eles queiram tanto a censura.

Explicar porque alguém chamou Lula de ladrão, portanto, é moleza. Basta mostrar tudo que se tem sobre o mensalão, o petrolão, o triplex, o sítio etc. O consórcio no poder quer apagar o passado, intimidar os críticos do atual desgoverno, algo típico de distopia totalitária. Mas ladrão continua sendo ladrão, com ou sem aval supremo.

Já Bolsonaro foi chamado por vários petistas de “genocida”, o que é claramente falso, leviano, irresponsável. Genocida é quem deliberadamente busca exterminar um povo, uma etnia. Falar em genocídio na pandemia é pura má fé: o vírus chinês matou quantidade similar em termos proporcionais na Argentina, sob governo esquerdista.

Mas o Brasil de hoje está assim: não pode chamar Lula de ladrão, enquanto está tudo bem acusar Bolsonaro de genocida. Está tudo invertido!

 

 

 

 

 

Por Rodrigo Constantino, Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.

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