Opinião – Em 1972, havia militares entendendo mais de liberdade de imprensa que autoridades de 2024

Vejam só que atualidade tem esse texto feito em plena época de censura, no governo militar do general Médici. Escreve Alexandre Garcia.

19/03/2024 07:59

“Que tal transferirmos isso de 1972 para 2024?”

Foto: Tama66/PixabayEsqueci de mencionar um aniversário importante na semana passada. Em 14 de março, fez 52 anos em que em pleno governo Médici, quando vigorava a censura, foi divulgado na Escola Superior de Guerra um relatório sobre comunicação social, e que gerou um livro chamado 1972, ano em que a liberdade de imprensa virou notícia. Esse relatório foi descoberto por O Globo, pelo Estadão e pelo Jornal do Brasil, que fizeram editoriais e reportagens sobre o relatório.

Vejam só que atualidade tem esse texto feito em plena época de censura, no governo militar do general Médici. O Globo chegou a fazer um título que dizia “Censura prévia pode levar à tirania, diz documento da Escola Superior de Guerra”. Vejam um trechinho do documento: “Tentar esconder os fatos para que a imagem de uma administração não seja atingida, ocultar falhas ou imprevidências é fazer perder a confiança do povo nos meios de comunicação, na voz do governo, e propagar o fato pelo boato, comentário velado, escândalo e manobras subreptícias. A crítica responsável deve existir. Única maneira de o governo não ter um conceito irrealista do momento”. E este outro trecho: “Todos concordam também que, na busca da verdade, o homem precisa de todas as informações, acesso a todas as ideias, e não apenas as que lhe desejarem fornecer. A melhor maneira de lutar contra o falso, de combater o erro, é conhecer para refutar ideias contra ideias. É o apogeu da liberdade”. Que tal transferirmos isso de 1972 para 2024?

 

 

 

 

 

Por Alexandre Garcia, escreve coluna de domingo a quinta-feira sobre política nacional.

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