Opinião – Reeleição

A reeleição de presidentes, governadores e prefeitos me parece inoportuna porque os governantes agem em função dela desde o início do mandato, evitando ações necessárias. Escreve Renato de Paiva Pereira.

24/03/2024 07:05

“Hoje o índice geral de aprovação do governo é menor que o de rejeição”

A insistência do Lula em preparar a candidatura para 2026 a despeito da idade, reforça a necessidade de rediscutir a lei que autoriza a reeleição para presidentes, governadores e prefeitos.

O governo realizou uma reunião na semana passada com todos os ministros, na qual lhes passou um sabão pedindo que se dediquem mais a ações políticas que agradem à população. Não, ninguém lá estava preocupado com o bem-estar dos brasileiros, mas sim com os atos que rendem votos.

O Lula, tendo governado por pouco mais de um ano, já define a reeleição como objetivo principal, aliás ela é a principal meta desde o primeiro dia de governo.

Mas, o que fez o governo apressar-se em reunir o primeiro escalão? Foram as sondagens de intenção de votos feitas por três institutos de pesquisa que mostraram uma importante queda na popularidade do Lula. Eis que até no Nordeste, onde ele sempre teve uma entusiasmada aceitação, houve um recuo no número dos eleitores que o avaliam positivamente.

Também consta nas pesquisas que no meio evangélico – sempre arredio aos acenos do presidente – o índice de rejeição tem crescido, deixando a turma dos marqueteiros arrepiados.

Hoje – as pesquisas garantem – o índice geral de aprovação do governo é menor que o de rejeição.

A ordem agora é botar os ministros para correr o país participando intensamente da inauguração de obras. Até o Lula, que neste primeiro ano flanou com a Janja em longas viagens internacionais posando de estadista e herói, agora vai percorrer o país dedicando-se às eleições municipais de 2024. A ideia é conquistar o maior número possível de prefeitos que apoiem a reeleição em 2026. Há notícias de que o Lula e o PT estão estimulando os seguidores a eventualmente abrirem mão da cabeça de chapa para outros partidos em benefício de um apoio político ao presidente em 2026.

Após ficar tanto tempo pensando que era um líder mundial e de ter dado palpites em coisas que não conhece, resolveu voltar para seus eleitores. Só decidiu mudar os planos porque viu que a coisa começou a sair do controle. Foram tantas as besteiras que disse pelo mundo que até os mais convictos lulistas condenaram a verborragia: apoiou o Hamas contra Israel, elogiou o Putim em desfavor da Ucrânia invadida, passou a mão na cabeça do Maduro.

A reeleição de presidentes, governadores e prefeitos me parece inoportuna porque os governantes agem em função dela desde o início do mandato, evitando ações necessárias que muitas vezes desagradam aos eleitores. Trocam inevitáveis remédios amargos por afagos e favores custosos que muitas vezes a União não consegue pagar.

Alguns acham que não se deve tirar do povo o direito de votar outra vez em pessoas que estão dando certo, mas a tese não se sustenta porque o que está agradando aos eleitores pode estar gerando endividamento e a conta por certo virá mais tarde. O possível prejuízo de perder um governante que está indo bem é menor do que permitir a reeleição com todos os males que ela provoca.

 

 

 

 

 

Por Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor

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