O número de mulheres com ensino superior é maior no mercado de trabalho, e mesmo assim, os cargos de liderança ainda são ocupados majoritariamente por homens. Escreve Melissa Kotovski.
29/05/2024 10:46
“É importante criar estratégias organizacionais que favoreçam a integração de mulheres em cargos estratégicos”
Quando se trata de mulheres no cooperativismo, podemos entender que os números são promissores, mas ainda pequenos. Existe um longo caminho a percorrer para uma maior representatividade entre os colaboradores e líderes em cooperativas.
Os princípios do cooperativismo expressam valores de integração, igualdade e liberdade e, para mais movimentos de real cooperação e democracia nas cooperativas, é importante que homens e mulheres tenham representatividade similar, pois vão trazer olhares diversos para o crescimento dos negócios.
As mulheres representam 41% de participação dos mais de 20 milhões de cooperados no Brasil, de acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2023, produzido pelo Sistema Organização das Cooperativas do Brasil (OCB). Algumas regiões do país registraram um aumento significativo na participação feminina, inclusive nos cargos de liderança em suas cooperativas.
De acordo com o levantamento da Organização das Cooperativas Brasileiras, houve crescimento do número de mulheres em 2022 em relação ao ano anterior, mas somente em um dos sete ramos do cooperativismo as mulheres são a maioria, que é o de trabalho, produção de bens e serviços, com 52%. Nos demais ramos, os números estão com a seguinte representação: saúde (45%), consumo (44%), crédito (44%), infraestrutura (29%), agropecuária (16%) e transporte (9%).
Quanto aos cargos de liderança, também houve aumento da participação feminina, que passou de 17% em 2020 para 22% em 2022, sendo os ramos de trabalho, produção de bens e serviços, consumo, saúde, crédito e infraestrutura os que mais contribuíram para esse aumento.
Alguns dos desafios enfrentados pelas mulheres nas cooperativas são: preconceitos sociais, crenças limitadoras, crenças sobre capacidade profissional, marketing pessoal, posicionamento para repasse das melhores decisões, empoderamento frente ao corpo de gestores majoritariamente masculinos, vieses inconscientes e preconceituosos presentes no cotidiano e nos negócios.
Apesar de os números de mulheres nas lideranças das cooperativas estarem crescendo, é necessário favorecer uma maior participação feminina na gestão, pois isso cria oportunidades para negócios promissores. Quando se tem mulheres em cargos de liderança, existe um olhar bastante democrático e que considera os mais vulneráveis.
Os benefícios de se ter mulheres frente aos negócios já estão ficando cada vez mais claros. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no relatório “Mulheres nos negócios e na gerência: por que mudar é importante para os negócios”, demonstra que empresas que investem em políticas de igualdade de gênero e diversidade apresentam melhores resultados, incluindo a rentabilidade.
Não há limites para o crescimento da carreira de uma mulher, é necessário construir o caminho. A capacidade de liderar é muito alinhada com características do feminino, envolve empatia, comunicação, flexibilidade, sensibilidade, integração, visão inovadora, relacionamentos saudáveis e efetividade em resultados.
A profissionalização das mulheres está alta, e o número de mulheres com ensino superior é maior no mercado de trabalho, e mesmo assim, os cargos de liderança ainda são ocupados majoritariamente por homens. Para mudar esta realidade, é importante criar estratégias organizacionais que favoreçam a integração de mulheres em cargos estratégicos e que as mulheres se empoderem e se posicionem para enfrentar os desafios e aproveitar ou criar as oportunidades para o seu crescimento.
Por Melissa Kotovski é especialista em desenvolvimento humano e mentoria de líderes.