Sempre esteve muito claro quem vive numa galáxia inatingível, quem vive pregando o impossível, apontando o inexistente como destino. Escreve Luís Ernesto Lacombe.
20/06/2024 10:22
“não há equilíbrio fiscal, o ambiente é de bagunça institucional e perda de poder do Executivo”
Nem a imprensa amiga do PT consegue mais esconder os passos largos que o Brasil está dando rumo ao abismo. Estamos na beira do precipício, de frente para ele. Avançar, nesse caso, significa uma queda livre, um país estatelado e despedaçado. As soluções ainda possíveis, os milagres seriam, necessariamente, contrários ao governo, seriam a antítese daquilo que Lula e sua turma dizem, defendem e fazem. A salvação do país passa, inevitavelmente, pela vitória de tudo o que é oposto ao petismo e sua realidade paralela, sua desconexão com “questões terrestres”. Sempre esteve muito claro quem vive numa galáxia inatingível, quem vive pregando o impossível, apontando o inexistente como destino.
Descartar condenações por corrupção e lavagem de dinheiro em três instâncias só podia dar mesmo em descaminho. Aceita-se ministro indiciado pela Polícia Federal por suspeita de cometer três crimes… É ministro do Lula, mas já virou “bolsonarista”… Aceita-se leilão de arroz desnecessário, sem pé nem cabeça, com indícios graves de falcatrua generalizada. E o governo está liberado para continuar interferindo no mercado, controlar o que deve ser produzido, estoques, preços… O TCU apresenta relatório que mostra “distorções contábeis” de R$ 109 bilhões no primeiro ano do terceiro mandato do Lula… Falta transparência, falta gestão fiscal, mas as contas são… aprovadas!
É preciso estar no espaço, sem orientação, sem gravidade, para fingir que o Brasil não se joga com tudo na calamidade. Até a imprensa tradicional já admitiu que não dá mais para esconder essa situação. Está nos jornais, com todas as letras: “as contas públicas estão degradadas, o caldo está entornando”. De repente, o jornalismo resolveu trabalhar com fatos: “a situação fiscal é grave, as questões tributárias são delicadas, déficit e dívida estão crescendo”. O mundo real acabou tomando as penas, os teclados, os microfones da turminha da imprensa, voltou a ocupar os títulos, subtítulos, editoriais, artigos de opinião, comentários na tevê: “não há equilíbrio fiscal, o ambiente é de bagunça institucional e perda de poder do Executivo”.
Não dá para maquiar números: dólar em alta, bolsa em queda, inflação reaparecendo. Não dá para ignorar a direta ligação disso tudo com a exorbitante expansão dos gastos do governo, a ineficiência do setor público. Lula não quer saber de ajuste fiscal, insiste em dizer que não vai cortar gastos e que vai continuar aumentando a carga tributária. E quer que os juros caiam na canetada? E quer que a inflação não aumente? Gasto não é vida, e não há uma preocupação mínima do governo em adotar medidas que reduzam suas despesas. O petista avisou na campanha eleitoral que implodiria o teto de gastos. Acharam normal… Pois, se as regras fiscais anteriores tivessem sido mantidas, a situação hoje não seria dramática, haveria até superávit primário.
A insegurança é geral… Econômica, política, jurídica… E não só a imprensa tradicional não consegue mais mascarar tudo isso; setores variados da economia estão rompendo publicamente com Lula. E o que ele faz? Embarca para mais uma viagem internacional, em meio a muito luxo, como sempre. É uma viagem quase intergaláctica… Em meio a globalistas, em discurso lido, ele fala numa inteligência artificial feita pelo “Sul Global”, defende taxação de fortunas, atrasados vínculos trabalhistas, condena os empresários, o melhor Banco Central do mundo, o brasileiro, dá vivas ao Estado inchado…
Lula guarda alguns absurdos para as entrevistas. Diz que Rússia e Ucrânia estão gostando da guerra. Dá uma desconversada sobre o ministro indiciado pela Polícia Federal… Gagueja, tropeça. Se fosse tratado com o mesmo rigor que o presidente anterior, talvez já tivesse caído. Assim, a bomba que pode atingir o país inteiro teria sido desarmada. O Brasil de verdade sabe que o tempo é curto, e cada vez mais gente desperta, indicando que não quer o fracasso, a tragédia, que abomina a teimosia, a soberba. Uma gente que não está “fora da casinha”, que não está fora do país, nem fora dos compromissos responsáveis. Um povo que é contrário a quem realmente está em outro planeta.
Por Luís Ernesto Lacombe é jornalista e escritor. Por três anos, ficou perdido em faculdades como Estatística, Informática e Psicologia, e em cursos de extensão em administração e marketing. Não estava feliz. Resolveu dar uma guinada na vida e estudar jornalismo. Trabalha desde 1988 em TV, onde cobriu de guerras e eleições a desfiles de escola de samba e competições esportivas. Passou pela Band, Manchete, Globo, Globo News, Sport TV e atualmente está na Rede TV.