Que está estranha a postura de Lula, isso está. Não é possível que ele não tenha se dado conta de que suas falas estejam alimentando a alta do dólar. Escreve Rodrigo Constantino.
02/07/2024 11:15
“O PT sempre foi contra. Lula precisa do Brasil pobre”
Enquanto o dólar batia R$ 5,65, o presidente Lula intensificava seu discurso populista: “Não tenho que prestar conta a banqueiro, mas ao povo pobre”. É justamente o povo pobre quem mais sofre com a demagogia lulista, já que os banqueiros estão tendo lucros recordes – como aconteceu na última vez em que o PT passou pelo comando do governo federal.
A esquerda lulista é pura demagogia e irresponsabilidade. Numa mistura de estupidez econômica com malandragem política, os petistas ou não entendem o básico do funcionamento do mercado, ou não ligam mesmo, pois sabem que se concentrarem o poder político em patamar venezuelano, não importa o que acontece com a inflação: nada mais os tira do poder.
Fica parecendo até que Lula sabe exatamente o que está fazendo. Afinal, outro dia o presidente mencionou a palavra “derivativos”. Estaria Lula comprado em call de dólar? Não custa lembrar que um dos empresários que mais se lambuzaram nos esquemas petistas no passado e que já voltou onipresente em Brasília hoje confessou ter depositado 300 milhões de dólares em contas petistas no exterior. Será que o PT vai internar parte da grana para a disputa eleitoral deste ano?
Isso é especulação, claro, pois não quero ser leviano. Mas que está estranha a postura de Lula, isso está. Não é possível que ele não tenha se dado conta de que suas falas estejam alimentando a alta do dólar. Até sua principal assessora de imprensa disfarçada de jornalista constatou: “Falas sequenciais de Lula contra autonomia do BC pressionam o câmbio e quem mais perde é o próprio governo”. Lula prefere reagir chamando esses “jornalistas” de “cretinos”…
Lula poderia também perguntar aos seus próprios aliados e ministros. “Toda vez que a gente vê o presidente falar besteira, vemos o dólar subir, a inflação. Precisamos devolver a segurança jurídica e institucional ao nosso país para atrair investimentos. Presidência é lugar de dar exemplo! Vamos mudar o Brasil de verdade!” Foi Simone Tebet quem disse isso. Em 2022. Mas se a fala era demagogia na época contra Bolsonaro, cujo governo sancionou a independência do BC e colocou Roberto Campos Neto em seu comando, ela se mostra perfeita para agora.
Lindbergh Farias comentou em junho de 2023: “Dizem que, se o Lula ganhasse, o Brasil ia afundar, que o dólar ia subir e as pessoas iam passar fome”. E não é que acertaram? Cabe perguntar: como foi que economistas tucanos de mercado, como Armínio Fraga, Elena Landau e João Amoedo ignoraram o óbvio! Se qualquer leigo era capaz de fazer uma previsão dessas, como medalhões milionários do mercado financeiro se iludiram tanto com Lula e seu PT? Ou será que sabiam exatamente o que estavam fazendo?
Lula não aprendeu nada e não esqueceu nada. Ao contrário: voltou mais raivoso e vingativo. Parece disposto a tocar fogo no país mesmo, como tem acontecido no Pantanal, que já perdeu uma área do tamanho do Rio sem qualquer musiquinha de artistas engajados ou histeria de gente hipócrita como DiCaprio, Ruffalo e Greta.
O Brasil está sendo destruído a passos largos. O dólar é só um sintoma. Não tem pandemia para justificar. É que o petismo é uma praga pior do que o vírus chinês. Mata tudo de bom que vê pelo caminho. O governo Bolsonaro deixou a casa em ordem, mas Lula não suporta a possibilidade de sucesso do país. O Plano Real completou 30 anos – e o PT sempre foi contra. Lula precisa do Brasil pobre – pois sua demagogia depende disso.
Por Rodrigo Constantino, economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal.