Opinião – Capitalismo, uma força da natureza

O capitalismo é uma força cega da natureza que precisa ser direcionada para evitar abusos e ser justo. Se houver liberdade, o capitalismo vai se desenvolver. Escreve Gustavo Reichenbach.

13/09/2024 11:23

“Ninguém vai querer trabalhar, se esforçar e se capacitar se todos vão ganhar barcos iguais”

Consumidora faz compras em supermercado de Buenos Aires.| Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

A maior dificuldade do capitalismo em penetrar nos países com governos altamente intervencionistas (vulgo esquerda) é o discurso de que o capitalismo explora os pobres, o que é falso. Imagine que estamos presos em uma ilha deserta com poucos recursos; o capitalismo é o mar turbulento e o sucesso é uma ilha paradisíaca que todos queremos alcançar.

Pois bem, estamos todos em igualdade de recursos, porém há alguns que possuem mais conhecimento para preparar embarcações superiores. Alguns fazem barcos que mal flutuam, outros dominam recursos como o direcionamento do vento. É fato que nem todos conseguirão alcançar o sucesso na outra ilha. É fato que o conhecimento é um recurso importante aqui e que este conhecimento gera uma vantagem competitiva, uma desigualdade que sempre usam nos discursos da esquerda.

A ideia de ter uma entidade que ofereça educação, capacitação e minimize as desigualdades surgiu da demanda de que a competição seja mais justa e de que haja equidade entre os competidores, e assim surgiu o Estado. Com o advento do surgimento do Estado, novos problemas surgiram: a corrupção, a ineficiência e as burocratizações, que são problemas típicos do Estado e que também atrapalham o capitalismo, em especial em países subdesenvolvidos com educação precária.

O fato é que saímos da selva primitiva onde caçávamos para sobreviver e transformamos em outro tipo de selva, com outro tipo de luta pela sobrevivência, onde a luta não é mais física, mas sim intelectual. Ainda vale a lei do mais forte, neste caso o mais inteligente e capacitado. Mas quem deveria minimizar as desigualdades e oferecer capacitação para todos em busca da justiça e da equidade? Sim, o Estado.

Mas o Estado tem real interesse que o povo estude e se capacite se um povo ignorante é mais fácil de ser governado? Não, as demandas de um povo culto e educado são muito maiores, e políticos com gosto pelo totalitarismo sabem que um povo assim nunca será subjugado.

Em suma, o capitalismo é uma força cega da natureza que precisa ser direcionada para evitar abusos e ser justo. Se houver liberdade, o capitalismo inevitavelmente vai se desenvolver. É intrínseco à natureza humana trabalhar, buscar a evolução e enriquecer. O capitalismo nunca deve ser combatido, apenas direcionado, e quando o capitalismo falha é porque o Estado falhou no correto direcionamento por falta de liberdade econômica.

Entender que o capitalismo é como um mar e que estamos todos no mesmo mar com barcos melhores e piores ajuda a entender que o capitalismo não é mau; esse mar é inevitável, e o primeiro passo para enfrentar um problema é entender a natureza desse problema, o que inclui também a natureza humana.

Ninguém vai querer trabalhar, se esforçar e se capacitar se todos vão ganhar barcos iguais ou muito parecidos. O mérito precisa ser recompensado; essa é a natureza do ser humano, e a estratégia a ser adotada obrigatoriamente precisa considerar a natureza coletiva e individual dessa batalha.

O correto entendimento dessas naturezas é essencial na assertividade da estratégia adotada. Apenas assim conseguiremos chegar juntos à ilha paradisíaca do sucesso capitalista.

 

 

 

 

Por Gustavo Reichenbach, formado em Processamento de Dados e Hotelaria, é investidor autônomo da construção civil.

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