Opinião – Dólar a R$ 6, mais uma realização do governo Lula

O Estado existe para prestar bons serviços públicos: saúde, ensino, justiça, segurança. Deveriam funcionar bem, pelo tanto de imposto que pagamos. Escreve Alexandre Garcia.

02/12/2024 07:51

“Aqui, fazemos tudo ao contrário. O serviço público fica péssimo.”

Mercado não engoliu pacote de Haddad e dólar bateu os R$ 6. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

O dólar está batendo R$ 6. Um número impensável até pouco tempo atrás, recorde histórico. Recuou um pouquinho no fim do dia, mas está ali pertinho. E por quê? Porque o mercado não acreditou nas medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda. Com mais impostos e sem corte de gastos do governo, a dívida vai subir mais ainda. Daqui a pouco o Brasil vai dever o PIB inteiro. Já vendemos uma mina de urânio para a China, e isso que temos tântalo, nióbio, 100 anos de reservas lá no meio da Amazônia.

O que fazem os países que querem se desenvolver para dar bem-estar ao povo? Lá, eles atraem riquezas, atraem os ricos. Aqui, punimos os ricos, que dão emprego, que produzem, que investem, que criam empresas. Lá, diminuem os impostos, porque a economia gira mais e os governos acabam arrecadando mais. Aqui, aumentamos os impostos até chegar ao alto da curva de Laffer, quando as pessoas ficam desesperadas e começam a sonegar, ou a trabalhar menos e vender menos, para pagar menos impostos. Lá, profissionalizam a população com excelente ensino. Aqui, não temos isso. Lá, desburocratizam para facilitar o empreendedorismo, desestatizam para fortalecer a iniciativa privada, que segue em frente sozinha. Aqui, fazemos tudo ao contrário. O serviço público fica péssimo. O Estado existe para prestar bons serviços públicos: saúde, ensino, justiça, segurança. Deveriam funcionar bem, pelo tanto de imposto que pagamos.

Promessa de isenção de IR não vai se tornar realidade tão cedo

Como parte do pacote “dólar a R$ 6”, anunciaram que vão taxar mais quem ganha acima de R$ 50 mil. Dizem que são “ricos”, porque “classe média” para eles é quem ganha até R$ 5 mil. Sem ofender ninguém, mas quem ganha até R$ 5 mil é classe pobre; classe média é quem recebe R$ 8 mil, R$ 10 mil, R$ 12 mil, R$ 15 mil, R$ 20 mil, R$ 25 mil, isso é classe média. Inventam padrões para a pessoa se sentir melhor, para dizer “você está se queixando de que a comida está cara, que não comeu picanha até agora, mas você é classe média”. E vão isentar de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Mas é só a partir de 2026, e dependendo de aprovação do Congresso; por enquanto, quem ganha de R$ 2,5 mil até R$ 5 mil ainda vai pagar IR, fora todos os impostos que paga em tudo que compra.

Enquanto isso, a farra dos ministérios continua

E tem mais. Pensei que Lula iria se arrepender de criar mais ministérios, tinha 22, agora tem 37, Imaginei que ele fosse cancelar esses 15 ministérios que não existiam no tempo de Bolsonaro, e dos quais nunca sentimos falta; nem sabemos quem são esses ministros, o que eles estão fazendo. E cada ministro tem um chefe de gabinete, um secretário-geral, não sei mais quantas secretarias, assistentes, uma folha de pagamento inchada. Não é funcionário de carreira, é pessoal para trazer voto, comissionado, CLT, nem sei se a nomeação sai em Diário Oficial, está tudo inchado, e aí não sobra para investir. Pensei que Lula fosse cancelar isso tudo, mas não.

 

 

 

 

Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas de domingo a quinta-feira.

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