Opinião – Não é retaliação a tarifas que vai salvar a indústria brasileira

Há uma insegurança jurídica muito grande (…) o investimento se retrai e a indústria não se moderniza, não ganha mercado, não vende, não produz. Escreve Alexandre Garcia.

03/04/2025 06:04

“Não é apenas a insegurança pessoal, de falta de segurança pública”

Indústria nacional está há cinco meses sem crescer. Foto: Marcelo Andrade

Saiu o tarifaço de Donald Trump, que até tratou bem o Brasil na comparação com países asiáticos. Algumas nações na Ásia levaram 90% de sobretaxa nos produtos importados de lá. Para produtos do Brasil, parece que a tarifa geral será de 10%, que é o mínimo; estão dizendo que automóveis brasileiros seriam taxados com 25%, mas eu duvido que o Brasil venda automóveis para os Estados Unidos, não tenho detalhes a esse respeito.

A indústria aqui no Brasil vai mal. A Câmara e o Senado estão reagindo, para devolver com tarifas iguais, mas o problema é outro. De fevereiro de 2022 até o fevereiro de 2025, ou seja, num intervalo de três anos, a indústria cresceu apenas 1,1%, e foi graças à indústria de mineração e de alimentos. O setor não vai bem; caiu pelo quinto mês consecutivo agora em fevereiro, queda de 1,3% segundo o IBGE. Há uma insegurança jurídica muito grande nesse país. Não é apenas a insegurança pessoal, de falta de segurança pública; o investimento se retrai e a indústria não se moderniza, não ganha mercado, não vende, não produz.

Que Justiça é essa que condena a 9 anos por ganhar um tríplex e a 14 anos por escrever com batom?

Queria fazer uma comparação, sobre a nossa Justiça. A Débora do batom passou 743 dias na prisão, os filhos ficaram sem a mãe – só agora ela foi para casa, em prisão domiciliar, com tornozeleira – por causa de um batom, e já há dois votos no Supremo para condená-la a 14 anos de prisão. O atual presidente ficou 580 dias na prisão, condenado por ter recebido um tríplex no Guarujá; a condenação foi até diminuída (embora tenha sido confirmada) pelo Superior Tribunal de Justiça, depois que a segunda instância tinha aumentado a pena. Um pegou 8 anos e 10 meses por um tríplex. A Débora, 14 anos por um batom. E o atual presidente já tinha uma segunda condenação, pelo sítio de Atibaia; dois outros processos em que ele era réu, do Instituto Lula e da Operação Zelotes, foram suspensos porque não podiam correr em Curitiba, mas em Brasília e São Paulo.

Filipe Martins participará de audiência em investigação de possível fraude na imigração americana

Na próxima quarta-feira, em Orlando, na Flórida, haverá uma audiência da qual Filipe Martins vai participar remotamente, lá de Ponta Grossa, porque ele não pode sair do país. Ficou seis meses na prisão, igual à Débora, sem condenação, nem sequer uma denúncia. Prenderam para ele não fugir do país, porque inventaram que ele tinha ido para a Flórida no fim de 2022, mas ele estava em Ponta Grossa o tempo todo; comprovou com o rastreamento do celular, com passagens aéreas de Brasília e Curitiba, com fotos daqueles dias.

O processo em Orlando está investigando se houve fraude no sistema de migração dos Estados Unidos, o que é muito grave. Como escreveram errado o nome dele, eu tenho um palpite. O nome do Filipe Martins é com “i”; acho que em todas as línguas é assim, inclusive no inglês dos Estados Unidos, é Phillip. Mas aqui no Brasil muita gente se chama Felipe, com “e”, que não é o caso de Filipe Martins, Filipe com “i”. Como escreveram o nome errado, meu palpite é de que foi algum brasileiro que errou.

 

 

 

Por Alexandre Garcia, colunas sobre política nacional publicadas semanalmente.

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