27/10/2010 18:34
O Brasil é líder mundial em produção de cana-de-açúcar e dá mais um passo para solidificar esta liderança. O mercado brasileiro de cana está ganhando cultivares mais produtivas com teor de sacarose de 10% a 18% maiores do que os clones existentes atualmente nos canaviais. Elas foram desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e são recomendadas para dez Estados da Região Centro-Sul. Além da ótima produtividade, são bem adaptadas à colheita mecanizada e têm fases de plantio diferentes para atender a grupos variados de produtores. Os três novos clones são: IACSP 955094, IACSP 962042 e IACSP 963060.
Vou falar sobre a alta produtividade delas em valores relativos porque os valores absolutos dependem muito de cada região, época de plantio, qualidade do solo e temos uma diversidade ambiental muito grande com muitos tipos de solo. Em relação à variedade mais plantada do Brasil há até pouco tempo, a Rb72454, elas apresentam ganhos nas épocas indicadas em torno de 10% e em algumas condições essa melhora chega a até 18% — explica o pesquisador Marcos Landell, coordenador do Programa Cana IAC.
A IACSP 955094 e a IACSP 963060 são clones mais precoces, para serem plantados até agosto, e ambas se adaptam muito bem à colheita mecanizada, sendo que a 5094 também está adaptada para o plantio mecânico, que vem ganhando espaço no Brasil. A principal diferença entre elas é o tipo de ambiente em que devem ser plantadas. A 5094 tem um perfil mais responsivo, segundo Landell, e deve ser utilizada em ambientes de manejos em melhores condições com ótima adaptação no Centro-Oeste e no triângulo mineiro. Já a 3060 mostra boa adaptação com solos médios e de fertilidade restrita, até junho. O terceiro clone, IACSP 962042 é tardio, para ser plantado no fim da safra, e recomendado para ambientes médios ou favoráveis. Para alcançar a produtividade elevada, Landell chama atenção para cuidados de manejo, principalmente nos viveiros de mudas.
O que a gente tem observado nos últimos anos é que os agricultores têm negligenciado a formação de bons viveiros de mudas de cana e isso provocou que os canavicultores lançassem mão de canaviais no terceiro ou quarto corte para usar essa cana, que seria mandada para indústria, como muda. Isso criou um hábito perigoso. Muitas empresas desconhecem os cuidados básicos de um viveiro e, como a cana é propagada vegetativamente, multiplica tudo que a muda tem na origem. Se a muda for doente ou de má qualidade você está multiplicando tudo isso. O alerta do IAC é para que o pessoal retorne às boas práticas de viveiros. Trabalhar com material doente significa reduzir significativamente a idade do seu canavial e isso implica em um custo muito maior. A cana que poderia ser reformada com seis ou sete anos às vezes já precisa ser reformada no terceiro ano e a reforma de canavial é cara, envolve um investimento de cerca de R$ 4 mil por hectare. Enfim, é uma catástrofe econômica — alerta Landell.