09/11/2010 17:52
O promotor César Danilo Ribeiro, de Chapada dos Guimarães, deu parecer contrário à prisão dos indiciados na morte da estudante Eiko Naiara Uemura, assassinada e jogada no Portão do Inferno, em abril passado. Além disso, o MPE se manifestou contrário a um pedido de busca e apreensão na residência de um dos envolvidos, formulado pelo delgado que investigou o caso, Márcio Pieroni.
Conforme os autos, os pedidos de prisão foram expedidos contra os suspeitos Sebastião Carlos Prado, advogado e ex-amante da jovem, Ângelo Arthur da Silva Nascimento, Benedito Ramos e Wanderleia Galvão. O inquérito foi encaminhado no final do mês passado à Primeira Vara Criminal de Chapada, que abriu vistas para manifestação do MPE.
Dessa forma, cabe a juíza Sílvia Renata Anffe de Souza, decidir pela prisão ou não dos acusados. Vale destacar que, por duas vezes, o pedido foi negado pelo juiz Eduardo Calmon, que, nas ocasiões, substituía a titular da Primeira Vara de Chapada.
O indeferimento teve como base a “ausência de elementos contundentes”, uma vez que a prisão temporária deve ser deferida quando há sérios indícios da autoria do crime, ou quando o suspeito atrapalha as investigações.
Novas diligências
Ainda em seu parecer, o promotor César Danilo solicitou o retorno dos autos da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa, para realização de novas diligências num prazo de 15 dias, para elucidação dos fatos.
O promotor solicitou a realização de nova oitiva com peritos que assinaram os laudos de exumação do corpo da estudante, Dionísio José Andreoni e Jorge Caramuru, elencando 18 questionamentos que devem ser respondidos.
Além disso, solicitou novo depoimento do perito que subscreveu o laudo de necropsia, Edson Franco Fratari e dos peritos que assinaram o laudo toxicológico Leandro Carbo e Alessandra Puertas Alves.
“Diante das contradições existentes entre os laudos de exumação, do local da morte e o do necroscópico, requisitamos a realização de novas diligências para que sejam efetuados alguns esclarecimentos junto aos médicos peritos”, disse o promotor.
César Danilo determinou ainda que sejam realizadas oitivas com os acusados Ângelo Nascimento, Benedito Ramos e Wanderleia Galvão.
Entenda o caso
No início das investigações, a Polícia Civil acreditava em suicídio, mas, após exumação do corpo da jovem, que morreu aos 23 anos, ficou comprovado, por meio de perícias e laudos técnicos, que ela foi espancada, torturada e assassinada. Depois, foi jogada no Portão do Inferno.
O caso Eiko Uemura foi marcado por muitas revelações, como o furto de jóias e relógios de luxo, amores secretos, negócios ilícitos e envolvimento em um suposto esquema chefiado pelo tio, o empresário Júlio Uemura, que chegou a ser preso pelo Gaeco.
A estudante era dona da empresa Eikon Atacado de Alimentos, que, segundo o Gaeco, seria utilizada pela Organização Uemura para praticar os crimes. O grupo seria especializado em aplicar golpes financeiros no comércio de Cuiabá e de várias cidades de Mato Grosso.