15/12/2010 15:17
A quarta Assembleia Geral de Credores – AGC – que será realizada amanhã, quinta-feira (16), no município de Sinop (MT), promete ser calorosa. A Associação dos Criadores de Mato Grosso – Acrimat – acredita que pecuaristas e trabalhadores serão meros figurantes mais uma vez e que esta será a última assembleia que vai participar. “Esta vai ser a última participação da Acrimat e vamos convocar todos os pecuaristas a não comparecerem também. Já que são os bancos que decidem, eles, os bancos, que criem o boi e toquem o frigorífico”, anunciou o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, que já está em Sinop.
“Eu não vou a Sinop. Como credor e presidente da Acrimat, sei que o papel do produtor e dos funcionários será de expectadores e esse papel eu não faço mais”, desabafou Mario Candia. Para ele “acabou o respeito que o setor produtivo tinha com o grupo frigorifico dos Bellincanta e agora vamos aguardar o resultado que os bancos decidirem nessa quarta assembleia”. Candia lembra que foram realizadas diversas reuniões para definirem uma proposta, mas que nada do que foi acordado foi cumprido pelo Frialto, “pois não são eles que decidem e vai ser assim pelos próximos 20 anos, e se a empresa conseguir se manter no mercado, será comandada pelas instituições financeiras”. Ele avisa que “bancos não têm boi e uma hora a corda vai arrebentar”.
A última proposta do Frialto apresentada na AGC no dia 02 de dezembro foi a de pagamento em uma única parcela para o pecuarista com crédito até R$ 15 mil logo após a aprovação do Plano. De 15 mil a R$ 30 mil, o pagamento seria feito em dez parcelas. Acima disso a dívida seria indexada ao preço da arroba e paga em 20 parcelas, sendo quatro parcelas por ano o que levaria cinco anos para o pecuarista receber o que tem direito.
“Não vamos aceitar essa proposta e daremos inicio a uma campanha para que o pecuarista, que se sentir prejudicado, pare de entregar boi para o Frialto e eu não conheço frigorífico que se mantenha sem boi gordo”, salientou Vacari. A proposta de pagamento à vista de R$ 100 mil e o saldo devedor dividido em 24 parcelas de no mínimo R$ 5 mil cada uma “e isso é possível”.
A Dívida com os pecuaristas
São 1.203 pecuaristas credores de 12 Estados de chega a R$ 95.041.779,12. A maior parte dessa dívida é com os pecuaristas de Mato Grosso, que corresponde a 50,37% do débito com R$ 47.874.301,27 a receber por parte de 49,37% dos credores, totalizando 594 pecuaristas, divididos em 37 municípios.
A divida com os demais Estados é a seguinte: Rondônia (RO) R$ 18.083.374,27 e 296 credores; Mato Grosso do Sul (MS) R$ 14.612.175,51 e 202 credores; Pará (PA) R$ 5.305.803,00 e 66 credores; Paraná (PR) R$ 3.443.563,42 e 21 credores; São Paulo (SP) R$ 3.875.460,03 e 18 credores; Minas Gerais (MG) R$ 135.186,17 e 2 credores; Santa Catarina (SC) R$ 678.463,01, e 1 credor; Goiás (GO) R$ 611,707,06 e 1 credor; Amazonas (AM) R$ 337, 069,81 e 1 credor; Maranhão (MA) R$ 46.732,17 e 1 credor; e Rio Grande do Sul (RS) R$ 37.943,40 e 1 credor.
O pedido de Recuperação Judicial
A empresa protocolou o pedido de recuperação judicial na Comarca de Sinop (MT), no dia 24 de maio. O grupo possui 8 unidades de abates em 5 Estados ( MT, MS, RO, SP, GO). Em Mato Grosso são 3 plantas, localizadas em Nova Canaã do Norte, Matupá e Sinop , e uma planta em construção em Tabaporã. A dívida total do Frialto é de R$ 564 milhões.