Um remédio contra o baixo astral

18/12/2010 08:44

 Rostos pintados, um figurino que está longe de ser discreto ou modesto. Eles não deixam apenas suas profissões em prol do próximo. Abandonam também suas tristezas  e  inseguranças ao assumir o nariz vermelho. É como se a máscara branca, sozinha, assumisse a forma de um sorriso e transformasse tudo e todos ao redor. Eles não são comediantes, não são médicos, mas acreditam que qualquer doença pode melhorar com um único e poderoso remédio: a alegria.
  O Remédicos do Riso é um grupo que atua há 10 anos no Hospital Amaral Carvalho, formado por pessoas que dedicam-se de forma voluntária à instituição, referência no tratamento e combate ao câncer.

   Atualmente coordenado por Emerson Henrique Dátilo e Rogério Fabre, o grupo destina-se ao entretenimento de pacientes e acompanhantes do HAC. Formado principalmente por empresários, advogados e donas-de-casa, os 37 integrantes tem como principal objetivo animar os pacientes das alas pediátricas e de transplante de medula óssea, mas levam à brincadeira muito a sério.

   Exemplo disso é que para se tornar apto a praticar o voluntariado levando no peito o nome “Remédico do Riso”, o interessado deve passar por um ano de treinamento e estudo. “Durante os 12 meses são realizadas oficinas quinzenais, com profissionais de várias áreas como artes cênicas, terapia corporal, terapia musical, psicologia, mágica, dentre outros”, explica o empresário Emerson Dátilo, que quando entra no HAC passa a ser chamado de “Dr. Katreco”.

   Neste mês, novos integrantes aceitaram o chamado do nariz vermelho e receberam além de “nomes-de-guerra”, suas identidades de palhaços. Era apenas o que faltava para que essas pessoas pudessem atuar, de forma integral, ao voluntariado, após completarem o período de experiência. No entanto, nem todos conseguiram finalizar o treinamento: 45 pessoas começaram, mas só 21 terminaram. A solenidade no dia 6 de dezembro, inédita no grupo, marcou a formatura da quinta turma de clowns dos Remédicos do Riso. “A cerimônia foi simples, porém, de muita emoção. Agora são quase 40 pessoas que levam a alegria, a es perança e o sorriso àqueles que passam por um momento tão delicado em suas vidas”, diz Emerson.

   Mas, o trabalho não para por aí. Para manter os voluntários unidos, o grupo se reúne mensalmente e promove oficinas de atualização. Nessas ocasiões são definidas as escalas semanais de duplas ou trios que irão visitar o HAC ou participar de eventos. “Quando os pacientes vêem o palhaço passando, imediatamente quebra aquele gelo. É uma forma de fazê-los esquecer, de sair daquela rotina. Faz mais bem para nós do que para o paciente, isso posso garantir”, conclui Emerson.

 
Quem chega
O casal Guilherme Moro Neto, 29, e Fernanda Dutra Moro, 28, divide a mesma paixão pelo voluntariado. Trabalhadores autônomos, dedicam várias horas de seus dias à causas sociais. Por isso não hesitaram em procurar o Amaral Carvalho quando viram uma reportagem sobre o grupo Remédicos do Riso. “Ficamos encantados e pensamos que a oportunidade de participar era toda nossa, já que quando procuramos o grupo era época de inscrições para novos integrantes”, explica Fernanda. Para ela, as oficinas ajudaram o casal mais do que eles esperavam. “Quando estávamos fazendo os treinamentos, descobri que minha mãe tinha câncer. O apoio do grupo foi vital para que aprendêssemos a lidar com a doença”, disse.

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