03/01/2011 15:37
O arroz é o segundo alimento mais consumido no mundo e seu cultivo é tão antigo quanto à própria civilização. Muitos autores acreditam que ele seja originário da Ásia (China) e as primeiras culturas iniciadas há sete mil anos. No Brasil, foi introduzido em 1.530, no Rio Grande do Sul, e, em Mato Grosso, por volta de 1940 em roça de toco e, na década de 70, agricultura mecanizada. Em sua época áurea, o arroz chegou a empregar mais de 3 mil pessoas só nas industrias de beneficiamento, sendo uma das principais culturas da pauta do agronegócio.
Mas hoje a produção desse cereal passa por um momento crítico em Mato Grosso, que já foi o segundo maior produtor brasileiro, chegando a produzir mais de 2 milhões de toneladas, e atualmente está em terceiro lugar, com produção estimada de 803 mil toneladas e área plantada de 286 mil hectares na safra 2009/2010, segundo a Conab (Companhia Nacional do Abastecimento).
Com a queda da produção nos últimos anos – motivada pelos baixos preços e, principalmente, pelas restrições ambientais que vetaram a abertura de áreas novas para o cultivo do cereal, provocando forte desestímulo nos produtores – o arroz entrou em declínio e passou a ser uma commoiditie sem muita importância na pauta do agronegócio mato-grossense.
“Mas isso não quer dizer que o arroz esteja com os dias contatos em Mato Grosso”, garante o presidente do Sindicato das Indústrias de Beneficiamento do Arroz no Estado, Joel Gonçalves Filho.
Pelo contrário, o que se espera a partir de agora, com a descoberta de novas variedades adaptadas às terras velhas e degradadas, é uma nova arrancada da cultura no Estado.
“Falamos no início de um novo ciclo”, preconiza o produtor de sementes e ex-presidente do Sindicato dos Produtores de Arroz do Estado, Ângelo Maronezzi. Ele aponta a redução dos estoques mundiais de arroz e os baixos preços da soja no mercado internacional como fatores de estímulo à retomada da atividade em Mato Grosso. “Muitos vão abandonar a soja e migrar para o arroz”.
Na avaliação dos produtores, a pressão ambiental contra os produtores de arroz decretou o retrocesso do plantio nos últimos anos. “Não tínhamos variedades para semear em terras velhas e fracas, por isso a atividade deixou de ser atrativa em nosso Estado”, conta Antônio Galvan, presidente do Sindicato Rural de Sinop. A partir de 2007, novas variedades surgiram no mercado, com boa produtividade e tolerância ao solo degradado.
“O arroz sempre foi uma cultura de primeiro ano em terras novas. Plantava-se primeiro o arroz e, no ano seguinte, a área era usada para o plantio de soja e outras culturas, como o algodão e milho. Com a proibição de abrir novas áreas, o arroz perdeu espaço e parou no tempo”.
Galvan acredita que, com as variedades que estão sendo lançadas no mercado, haverá uma retomada gradual da cultura. “Novos materiais genéticos estão surgindo no mercado, adaptados às terras velhas. Não acredito que a produção volte aos patamares de 2004, com 2 milhões de toneladas e 550 mil hectares. Mas haverá uma recuperação e já vizualizamos um novo cenário para o arroz mato-grossense nos próximos anos”.
Com a introdução de novos materiais genéticos, a quebra da produção mundial e os baixos preços da soja em Chicago, o arroz poderá voltar a ocupar um lugar de destaque na balança comercial do Estado. “Prevemos um futuro brilhante e o início de um novo ciclo em Mato Grosso”, afirma Maronezzi.